Os 17 setores da economia brasileira beneficiados pela política de desoneração de contribuições previdenciárias da folha de pagamento foram os que mais cortaram vagas de trabalho formais entre 2012 e 2022. Enquanto isso, no mesmo período, o restante dos setores da economia expandiu os empregos formais.
Os dados são de um artigo publicado nesta segunda-feira (4) pelo Ipea, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
Pelo texto, o subsídio do governo, criado em 2011 e estendido pela última vez em 2021, com prazo até o final deste ano, não tem sido suficiente para a manutenção dos empregos ou a criação de novos postos de trabalho.
O estudo, feito pelo pesquisador do Ipea Marcos Hecksher, mostra que nenhum dos desonerados aparece entre os sete setores que, juntos, ocupam mais da metade, 52,4% dos trabalhadores brasileiros. São eles: comércio, exceto de veículos automotores e motocicletas; agropecuária; educação; serviços domésticos; administração pública; saúde; e alimentação.
Para o pesquisador, os setores contemplados pelo subsídio se autodenominam como “os que mais empregam no Brasil”, com o objetivo de renovar o subsídio.
O pesquisador destaca que, entre os setores desonerados, os que mais apresentaram queda no número de contribuintes nos últimos dez anos foram: construção e incorporação de edifícios, com o corte de 594 mil vagas. Além de preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados; fabricação de produtos têxteis; e confecção de artigos do vestuário e acessórios.
O estudo aponta, ainda, que, enquanto empresas privadas de outros setores expandiram em 6,3% seus empregos com carteira entre 2012 e 2022, os desonerados encolheram os seus em 13,0%.