Retrospectiva 2023: brasileiros renegociam dívida com Desenrola Brasil
Depois da pandemia de covid-19 e seus efeitos dramáticos sobre o emprego e a renda em 2020 e 2021, vieram os recordes sucessivos de inflação em 2022. Resultado: o brasileiro começou 2023 endividado. Quase 80% dos consumidores tinham algum débito pendente e um a cada cinco deles tinha metade da renda comprometida por dívidas.
Não é de surpreender que o Desenrola Brasil tenha atraído tantas pessoas. O programa de renegociação de dívidas já foi acessado por mais de dez milhões de pessoas. Somados, os valores se aproximam de R$ 30 bilhões.
Mais de 98% dos municípios brasileiros tiveram pelo menos uma pessoa que renegociou dívidas por meio do Desenrola, o que aponta a adesão de praticamente todas as cidades.
Em outubro, quando o Desenrola foi lançado, o presidente Lula reforçou sua importância, no programa Conversa com o Presidente.
Outro alívio importante para o bolso das famílias foi a recriação do programa Bolsa Família, com valor mínimo de R$ 600 e adicionais para crianças, adolescentes e gestantes.
Parte desses beneficiários, que também foram contemplados no programa Minha Casa, Minhas Vida, tiveram uma grata surpresa em outubro. O programa prevê uma contrapartida do morador, mas o governo decidiu zerar as parcelas dos proprietários que recebem Bolsa Família ou Benefício de Prestação Continuada.
As entregas do Minha Casa, Minha Vida também foram retomadas, causando impacto significativo também na economia, uma vez que gera empregos e movimenta a cadeia produtiva da construção civil. A paranaense Ariandra Aires realizou o sonho da casa própria, através do programa.
Com todas essas medidas, a queda no índice de endividados foi consistente, apesar de ainda tímida no segundo semestre. Mas o maior responsável por isso, de acordo com os especialistas, foi a melhora das condições econômicas e, principalmente, do mercado de trabalho.
A taxa de desemprego caiu para abaixo de 8%, a menor em quase oito anos, e o rendimento médio dos trabalhadores cresceu, ficando em cerca de R$ 3 mil por mês.
A quantidade de trabalhadores com carteira também atingiu nível recorde, mas o Brasil ainda enfrenta o desafio da informalidade, já que quase 40% dos trabalhadores ainda sobrevivem com vínculos precários.