Começou nesta semana, em Manaus, o processo de elaboração de material didático específico e bilíngue para cada uma das 29 escolas indígenas estaduais do Amazonas. Cerca de 40 professores e técnicos participam de uma oficina de capacitação para a produção de conteúdo que vai levar em consideração as especificidades das etnias e as tradições.
A iniciativa é em parceria com as comunidades indígenas, como explica o gerente de Ensino Fundamental da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Eriberto Façanha.
Sonora: “A ideia é que nós possamos construir junto com a população indígena, professores, com os gestores e toda a comunidade material específico da etnia, da língua indígena da comunidade que ele está inserido no estado do Amazonas. Então produzir um material próprio pra ele, que possa ter a sua cultura, o seu contexto, a sua história, toda uma dinâmica da própria população indígena”.
Segundo a técnica da Gerência de Educação Escolar Indígena da Seduc, Dorothéia Bindá, o material está sendo elaborado com base na matriz curricular indígena, que foi definida no ano passado e atende a uma reivindicação dos povos.
Sonora: “A primeira coisa que eles pedem é em relação à língua indígena que seja trabalhada e essa matriz de referência dos povos ela já contempla a língua indígena nessa matriz para serem trabalhadas na língua yanomami, tikuna. A segunda são os saberes tradicionais, como a formas próprias de educar de cada povo, a oralidade, o trabalho a língua, as crenças, as memórias, tudo isso a matriz contempla em cada componente curricular. Porque muitas vezes os livros que eles recebem do MEC não estão contextualizados com essa realidade”.
A matriz curricular prevê disciplinas como língua indígena, língua portuguesa e conhecimentos tradicionais, ciências e saberes indígenas e direitos indígenas, entre outras.
Para o professor indígena Alfredo Coimbra, da etnia baré, o material vai ajudar os estudantes na compreensão do conteúdo escolar.
Sonora: A língua em si faz uma comunicação diferente se for pensar no português porque no meu pensamento, na minha língua, tem um outro significado. Então é importante que primeiro eu passe a estudar minha própria língua pra conhecer meus mitos, minha cultura, só depois eu vou aprender a língua portuguesa, que seria minha segunda língua, para eu estar no meio social, cultural, econômico, que é de grande importância também.
Atualmente, cerca de seis mil estudantes estão matriculados nas escolas estaduais indígenas do Amazonas.