Na Trilha da História: Brasil e aliados venceram Guerra do Paraguai há 147 anos
Até o fim de julho, o Na Trilha da História será reprisado. Esta edição foi publicada originalmente no dia 1º de março deste ano.
Olá, eu sou a Isabela Azevedo e está começando mais um Na Trilha da História! Hoje, nós vamos falar sobre a Guerra do Paraguai, o maior conflito armado, ocorrido na América do Sul, no século 19. Nosso convidado é o jornalista Luiz Octavio de Lima, autor do Livro "A Guerra do Paraguai", lançado pela editora Contexto. Em 1864, Brasil, Uruguai e Argentina se uniram contra o líder paraguaio Solano Lopez. As causas do conflito são várias.
Sonora: "O Brasil e o Paraguai tinham alguns problemas de fronteiras muito antigos. A gente sabe que o Brasil expandiu muito as fronteiras que eram demarcadas pelo Tratado de Tordesilhas e ele foi realmente expandindo além dos países vizinhos. E o Paraguai já tinha um problema em relação a isso. O Brasil estava invadindo e chegando muito além do território dele”.
Além disso, o Uruguai vivia uma guerra civil na época. E tanto o Brasil quanto a Argentina começaram a interferir na disputa para colocar um aliado no comando do país vizinho. Só que o antigo governante uruguaio agradava ao Paraguai.
Sonora: "Na época, o governo uruguaio era aliado do Paraguai até porque o Paraguai precisava do Uruguai para ter uma saída para o mar. Ele não estava com boas relações nem com o Brasil nem com a Argentina, mas o Uruguai era um porto, uma saída que ele tinha porque ele não tinha saída para o mar direta, a não ser pelo rio e ele precisava passar por ali para escoar mercadorias, ele precisava realmente de um parceiro ali. E quando o governo uruguaio caiu e o governo que entrou era favorável ao Brasil e à Argentina, ele ficou isolado”.
A disputa pela navegação no Rio da Prata acirrou os ânimos e quem atacou primeiro foi o líder paraguaio Solano López.
Sonora: "Então o Solano López resolve invadir o Brasil. Ele invade o Mato Grosso e apreende um navio brasileiro que estava passando pelo Rio Paraguai e pede à Argentina que dê passagem pelo Norte da Argentina para ele chegar ao Sul do Brasil e ao Norte do Uruguai para combater as forças brasileiras".
Só que a Argentina negou passagem às tropas paraguaias e a Guerra ganhou mais uma nação combatente. A Tríplice Aliança, formada por Brasil, Argentina e Uruguai, enfrentaria o Paraguai por cinco anos. Fã do imperador francês Napoleão, Solano López queria se mostrar um grande líder. Mas o paraguaio falava mais do que realmente fazia.
Sonora: "Ele gostava de se ver como um grande militar. Mas, na verdade, ele não tinha tanto talento estratégico assim. Ele era muito mais um líder voluntarioso do que um militar estratégico. Inclusive o Solano nunca participou de nenhuma das batalhas".
Além disso, Solano López cometeu diversos erros estratégicos.
Sonora: "O Paraguai tinha um contingente de 60 mil soldados no início da guerra, quando o Brasil não tinha nem 15 mil, e era o segundo país mais bem armado. E ele logo no primeiro ano de guerra perde quase todo esse contingente. E vai refazer o exército até com pessoas comuns, até com mulheres, até com idosos, com crianças".
Mas se do lado paraguaio Solano López dava demonstrações de crueldade, o lado brasileiro não ficava muito atrás. O fim da guerra foi decido pelo Brasil sob o comando do Conde D'Eu, marido da princesa Isabel, que foi convocado pelo imperador Dom Pedro II para liderar as tropas.
Sonora: "Ele se revelou um sádico, um cara surtado que começou a se fechar cada vez mais. Não ouvia nenhum conselho, não ouvia ninguém e praticou algumas crueldades. Houve um episódio que na verdade foi uma invasão a uma cidadezinha em que, além deles massacrarem as pessoas do vilarejo, que estava pouquíssimo armado, ele mandou degolar os sobreviventes".
E foi durante o comando do Conde D'Eu que a Guerra do Paraguai chegou ao fim, com a captura e a execução do líder paraguaio Solano López, em 1º de março de 1870. Estima-se que 150 mil pessoas morreram nos combates, paraguaios, na maior parte. Para saber mais sobre o conflito ouça o episódio completo do Na Trilha da História! O programa tem 55 minutos e traz, além da entrevista na íntegra com o escritor Luiz Octavio de Lima, músicas da banda paraguaia Indentidad Py. Para ouvir, acesse: radios.ebc.com.br/natrilhadahistoria. Se você tiver uma sugestão de tema para o programa, envie um e-mail para culturaearte@ebc.com.br. Até semana que vem, pessoal!
Na Trilha da História: Apresenta temas da história do Brasil e do mundo de forma descontraída, privilegiando a participação de pesquisadores e testemunhas de importantes acontecimentos. Os episódios são marcados por curiosidades raramente ensinadas em sala de aula. Tem periodicidade semanal. Acesse aqui as edições anteriores.