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Educação

Brasil avança na universalização escolar, mas atrasos na escolaridade ainda ocorrem

Escolaridade
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Tâmara Freire
15/07/2020 - 14:19
Rio de Janeiro

Enquanto o Brasil avança na universalização de crianças e adolescentes entrando em sala de aula, alguns gargalos ainda impedem que elas saiam, na mesma proporção, com todas as etapas concluídas. Em 2019, 92,9% das crianças de 4 a 5 anos estavam na escola, porcentagem que chegou a 99,7% no caso daquelas com idade entre 6 e 14 anos, mas ficou em 89,2%, entre os adolescentes de 15 a 17.

 

Os dados são do Suplemento sobre Educação da Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicílios (Pnad), divulgado nesta quarta-feira (15), pelo IBGE. No entanto, quando a pesquisa verifica se elas estão estudando na etapa adequada para a sua idade, os atrasos começam a aparecer já a partir da segunda etapa do ensino fundamental, com 12,5% dos adolescentes de 11 a 14 anos de idade ainda cursando os anos iniciais, índice que se aproxima de 19% na região Norte, e que é 4,2 pontos percentuais maior entre estudantes negros, na comparação com os brancos.

 

Pela experiência do professor de biologia Paulo Ricardo Rodrigues, que leciona em duas escolas em regiões periféricas do município de Serra no Espírito Santo, o atraso atrapalha ainda mais a mudança do ensino fundamental para o médio, que já tem seus desafios próprios, e contribui para a evasão.

 

E como uma bola de neve, o problema se aprofunda ainda mais entre os adolescentes de 15 a 17 anos, já que mais de 28% deles estavam foram da escola ou ainda cursavam o ensino fundamental, quando deveriam já estar no ensino médio.

 

Um dado que escancara como o Brasil ainda precisa avançar para cumprir as metas do Plano Nacional da Educação, que determinou a universalização da escolaridade para adolescentes dessa idade, até 2016, o que não ocorreu e estipulou que 85% deles devem estar no ensino médio até 2024, quase 14 pontos percentuais a mais que havia no ano passado.

 

A analista do IBGE Adriana Beringuy explica que o atraso continua a refletir na faixa etária dos 18 a 24 anos

 

Em 2019, a taxa de escolarização das pessoas de 18 a 24 anos, independentemente do curso frequentado, foi de 32,4%, percentual estatisticamente estável frente a 2018. Mas apenas 21,4% desses jovens frequentavam cursos da educação superior, enquanto 4,1% já tinham o diploma da faculdade.

 

Outros 11% estavam atrasados, ainda na educação básica e a grande maioria, 63,5% não frequentavam escola, abandonando ainda no ensino médio, ou depois de conclui-lo. Por cor ou raça, o cenário foi ainda mais marcante, com quase 38% das pessoas brancas de 18 a 24 anos estudando, sendo 29,7% no ensino superior, enquanto a taxa de escolarização entre os pretos e pardos ficou em 28,8%, com apenas 16,1% cursando uma graduação.

 

Além disso, 6% dos jovens brancos de 18 a 24 anos já tinham um diploma de graduação, enquanto, entre os pretos e pardos, isso cai para 2,8%.

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