Iury, 1º surdocego a se formar na UnB: inclusão na escola é a chave
Foto na sala de casa com o diploma de graduação na mão, ao lado da família, virou foto clássica de uma colação de grau em tempos de pandemia.
Este semestre, Iury Moraes tirou esse retrato, mas a imagem não mostra quase nada de uma vida toda. Aquele diploma na mão representa obstinação e mais um triunfo, conquistado com um passo de cada vez.
Iury Moraes é o primeiro estudante surdocego a se formar em Letras pela Universidade de Brasília. Também foi o primeiro a ingressar na UnB, em 2016.
O jovem de 26 anos nasceu com catarata e surdez profunda congênita. Iury sempre estudou em escolas públicas regulares de Brasília, com colegas com e sem deficiência, surdos, cegos ouvintes.
Por meio da voz da mãe, a Elemregina Moraes, Iury narrou um pouco dessa saga.
Para ele, ter pessoas com deficiência estudando em escolas regulares força as instituições a promoverem políticas de acessibilidade e inclusão.
A diretora do Instituto de Letras da UnB, Rosana Rigota, relata que os desafios foram muitos – para ele e para a universidade.
Iury se formou em Licenciatura em Língua de Sinais Brasileira, e português como segunda língua. Cerca de 30 surdos, três deles surdocegos, estudam atualmente no Instituto de Letras da UnB.
Segundo a presidente do Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial, Cláudia Sofia Pereira, há pelo menos 7 mil estudantes com essa deficiência estudando no Brasil.
Iury não pretende parar. Dar aulas, fazer mestrado e doutorado estão nos planos do jovem que disse "nunca" quando foi questionado se alguma vez pensou em desistir.