O MEC decidiu nesta terça-feira (4) suspender a implementação do Novo Ensino Médio.
Para explicar melhor esse assunto, a Rádio Nacional conversou com o professor e pesquisador na Faculdade de Educação da USP, Daniel Cara.
Segundo Daniel Cara, a decisão é fruto de uma pressão exercida de forma coletiva por vários setores da área da educação e é importante porque na prática significa que o Enem não vai ser alterado com base na reforma. A realização do Enem pautado na reforma do ensino médio seria uma catástrofe porque, praticamente, 90% das escolas brasileiras não ofertam os cinco itinerários formativos da reforma do ensino médio.
Desde o ano passado, as disciplinas tradicionais passaram a ser agrupadas em áreas do conhecimento. Agora a divisão está em Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas. E a partir desse ano, cada estudante passou a poder montar seu próprio itinerário de estudo, escolhendo as áreas em que vai se aprofundar.
De acordo com Daniel Cara, essa possibilidade de escolha, vendida como sendo uma uma proposta positiva da reforma do ensino médio, não existe na prática. " Se o aluno quiser fazer Ciências da Natureza, por exemplo, ele não vai poder fazer Ciências da Natureza, porque a escola dele só oferta matemática. Eu sou a favor da gente substituir a reforma do ensino médio por um trabalho relacionado às áreas do conhecimento. Então o aluno vai poder optar em avançar em relação as áreas, mas ele não vai ter uma prisão em relação a essas áreas".