O analfabetismo entre as crianças dobrou no país entre 2019 e 2022. O percentual de crianças de sete anos que não sabem ler e escrever passou de 20% para 40%. Os dados são de um novo relatório lançado pelo Unicef, nesta terça-feira (10). A queda no desempenho educacional ocorreu mesmo com a redução ainda que pequena do percentual de meninas e meninos vivendo na pobreza.
Santiago Varella, especialista em Políticas Sociais do Unicef no Brasil, explica que essas crianças estavam no processo mais sensível da vida educacional durante a pandemia. E afirma que é urgente a priorização de políticas públicas, em especial na educação, voltadas para crianças e adolescentes.
Apesar do impacto da pandemia da covid-19, o estudo mostra que o percentual de meninas e meninos na pobreza multidimensional caiu de quase 63%, em 2019, para 60,3%, em 2022.
Santiago Varella destaca que a renda é uma dimensão importante para medir a pobreza, mas que é preciso atentar para outras violações de direitos das crianças e adolescentes que demandam ações que vão além do crescimento da economia ou da política de transferência de renda. Ele cita algumas inciativas em curso que se mostram relevantes para atuar em outras áreas.
Segundo o relatório, os estados do Norte e Nordeste apresentam os maiores índices de meninas e meninos privados de direitos. A desigualdade também ainda é grande em relação a cor e raça, apesar de o estudo mostrar uma pequena redução nos números. A diferença no acesso a direitos entre crianças e adolescentes brancos e negros era de cerca de 22% em 2019, e em 2022, ela caiu para pouco mais de 20%.