O número de professores concursados nas redes estaduais caiu ao menor patamar em 2023, chegando a 321 mil. O recuo na comparação com 2013 foi de 36%. Enquanto isso, o número de docentes temporários registrou uma alta de 55%, ultrapassando os 355 mil. Os dados são de um estudo realizado pela organização Todos pela Educação. A pesquisa aponta ainda que as contratações temporárias são o principal motivo para o crescimento do quadro geral de professores nas redes estaduais nos últimos anos.
O gerente de políticas educacionais do Todos pela Educação, Ivan Gontijo, analisa esse dado.
“A figura do professor temporário é para suprir uma eventual ausência. Esse artifício da contratação temporária deveria ser uma exceção à regra, e o que a gente está mostrando nesse estudo é que por diversos motivos ele tem virado a regra e isso tem uma série de impactos no dia a dia das escolas”.
A análise também traz uma correlação feita pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica, entre a contratação temporária e a menor proficiência dos alunos, tanto na disciplina de Língua Portuguesa quanto em Matemática. Ivan Gontijo explica que um dos motivos para o baixo rendimento é o menor vínculo gerado entre professores temporários e alunos.
“Tem uma coisa muito importante na educação que é a criação de vínculos. Os professores temporários na média têm uma rotatividade muito maior, e isso prejudica os vínculos, que consequentemente prejudica a aprendizagem”.
O estudo mostra ainda que a proporção entre temporários e concursados varia de acordo com o estado. Mas apesar de terem trajetórias distintas, existe um movimento comum: 16 tiveram aumento no quadro de temporários e redução do quadro efetivo em algum nível. Em Minas Gerais foi registrada a maior redução, chegando a 77%.
A pesquisa revela também que os professores temporários têm menor escolaridade que os efetivos. Em 2020, por exemplo, a proporção de professores temporários com alguma especialização era pouco mais de 40%, enquanto entre os efetivos chegava a quase 57%.
Outro dado do estudo refere-se à remuneração. Em 15 estados o valor recebido por professores temporários era menor que a de professores efetivos no início de carreira, chegando a uma diferença de até 140%, no caso do estado de Pernambuco.