Mais de uma centena de pessoas que trabalham em escritórios de advocacia, prestam consultoria tributária ou atuaram no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf, podem estar envolvidas em fraudes que resultaram na sonegação de mais de R$ 5,5 bilhões em impostos.
A avaliação é da Senadora Vanessa Graziottin (PC do B-AM), relatora da CPI do Carf. Segundo a parlamentar, mais de uma quadrilha, com linhas hereditárias, atuaram no conselho para intermediar processos que julgavam o valor de impostos e contribuições que deveriam ser recolhidos pelas empresas.
A CPI do Carf se reuniu hoje em Brasília para ouvir o presidente da Mitsubishi no Brasil, Robert Rittscher.
Conforme apurado pela operação Zelotes, da Polícia Federal, a Mitsubishi teve uma dívida de R$ 266 milhões reduzida para menos de R$ 1 milhão ao final do processo.
De acordo com a Polícia Federal, a montadora pagou R$ 40 milhões a uma empresa de consultoria que atuou como intermediária em esquema de propinas envolvendo conselheiros que julgaram o processo.
O presidente da Mitsubishi, Robert Rittscher, disse que o valor pago é relativo a serviços prestados pela consultora cuja documentação será posteriormente apresentada à CPI.
O depoimento de Rittscher irritou o presidente da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO). Ele solicitou a quebra dos sigilos telefônico e de e-mail do presidente da Mitsubishi.
A reportagem ligou e deixou recado na secretária eletrônica da assessoria de imprensa da Mitsubishi, responsável pela prestação de informações institucionais e de produtos, mas até a gravação dessa matéria não obteve retorno.
A CPI do Carf tem funcionamento previsto até 15 de setembro. Conforme projeção da Polícia Federal, as fraudes no Carf podem ser superiores a R$ 19 bilhões, valor três vezes superior ao identificado nos desvios da Operação Lava Jato.