Um grupo de nove pesquisadores e especialistas, de diferentes áreas do conhecimento, identificaram problemas no Estudo e no Relatório de Impacto Ambiental, o EIA/RIMA, da obra da hidrelétrica São Luiz do Tapajós, em projeto no Rio Tapajós, no Pará.
O documento, feito para avaliar a viabilidade do empreendimento, foi protocolado no Ibama em agosto de 2014 pela Eletrobras. Mas, de acordo com a análise dos pesquisadores, o EIA/RIMA não avalia os verdadeiros impactos da obra.
Para a ONG Greenpeace, a hidrelétrica põe em risco o Rio Tapajós, que abrange uma região de grande biodiversidade, com espécies raras de peixes e plantas.
Danicley de Aguiar, da Campanha da Amazônia do Greenpeace, afirma que o EIA/RIMA também não contempla os impactos a diversas comunidades ribeirinhas e principalmente ao povo indígena Munduruku, que vive na região. Segundo ele, se o Estudo de Impacto Ambiental fosse feito da forma correta, seria comprovada a inviabilidade socioambiental da obra.
Sonora: “É uma região extremamente rica em sociobiodiversidade, considerada como de alta prioridade para a conservação do bioma amazônico. Insistir na construção de hidrelétrica naquela bacia é um erro e o governo brasileiro insiste nesse erro. Tanto é que tem planejado para a bacia 43 hidrelétricas, várias já em andamento, como São Manoel, Teles Pires, e agora outras em licenciamento, como é o caso de São Luiz do Tapajós”.
Durante a apresentação da análise crítica do EIA/RIMA na terça-feira (30), em Brasília, o indígena Jairo Munduruku falou da preocupação com a instalação da hidrelétrica. Na região, vivem cerca de 12 mil índios da etnia.
Sonora: “Ali, aonde nós vivemos, na área do empreendimento, vai ser alagada uma parte e vai acontecer um impacto. Os animais precisam desse ambiente. O estudo precisa ver também o lado negativo”.
O procurador da República em Santarém, Luis de Camões, considera a análise crítica do EIA/RIMA bastante significativa.
Sonora: “A gente consegue perceber que os nove especialistas contratados gozam de um currículo invejável. Então, muito provavelmente, esse material será de extrema valia para as nossas atuações. Essa análise traz informações mais detalhadas, mas, mesmo um leigo, já consegue antever falhas bem grotescas, bem infantis do Estudo de Impacto Ambiental, como, por exemplo, ignorar qualquer aferição de impacto no curso abaixo da barragem em relação ao rio”.