A população indígena quer aumentar a venda de produtos do extrativismo e da pesca para os mercados consumidores de alimentação saudável cultivada pela agricultura familiar. Esse mercado consome mais alimentos naturais e não processados, sem uso de agrotóxico e sementes transgênicas, como defende o Pacto Nacional de Alimentação Saudável proposto pelo governo federal na abertura da 5ª Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional, que acontece em Brasília.
De acordo com os índios que participam da conferência, o governo precisa tirar do papel normas de comercialização dos produtos indígenas, adaptando as exigências feitas às grandes indústrias alimentares ao contexto da produção nas aldeias e comunidades.
Segundo Rafael Ticuna, da alfeia Umariaçu, a 9 quilômetros de Tabatinga (AM) próxima à divisa com o Peru e a Colômbia, além das dificuldades com a venda de sua produção, os indígenas sofrem com a mudança de hábitos alimentares incentivada pela desvalorização de sua cultura tradicional.
Os resultados 1º Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas, feito pela Funasa em 2010, revelou que mais de três mulheres em dez indígenas grávidas estavam com anemia, problema que ocorre por falta de ferro na alimentação.
Participam da conferência de segurança alimentar cerca de 60 representantes de comunidades indígenas de todo o país.