Apesar de pouco conhecido, o oropouche é um dos mais importantes arbovírus (vírus transmitidos por picadas de insetos) do Brasil. Descoberto no início da década de 60, ele causa a segunda doença febril mais frequente no país, perdendo apenas para a dengue em número de casos.
Nesta entrevista ao programa Tarde Nacional, da Rádio Nacional da Amazônia, o professor de Virologia da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, Eurico Arruda, explicou que, como os sintomas da febre do oropouche são semelhantes aos da dengue, muitas vezes os doentes são diagnosticados de forma errada. Ele alertou para a importância de se prestar mais atenção ao vírus neste momento, devido às síndromes febris que ele pode estar causando no país.
Além da febre alta, a febre do oropouche causa calafrios, dor de cabeça muito forte, fotofobia e dor na região lombar. Os sintomas normalmente duram de quatro a cinco dias e depois passam. Uma característica específica desse vírus é que em um terço dos casos pode haver uma recaída e os sintomas podem durar mais cinco dias.
O principal transmissor da doença é uma pequena mosca chamada Culicoides paraensis, conhecida como maruim, mosquito-pólvora ou borrachudo.
Segundo Eurico Arruda, já foi comprovado que outros vetores podem transmitir o vírus, inclusive do gênero Aedes. Os maruins são normalmente encontrados em áreas ribeirinhas, mangues e, regiões alagadas. Ele disse ainda que “a Amazônia é o celeiro de oropouches”.