Com crise ou sem crise, as mulheres brasileiras continuam trabalhando mais e recebendo menos e a dupla ou tripla jornada também segue afastando muitas do mercado de trabalho.
De acordo com dados divulgados pelo IBGE, nesta sexta-feira, na síntese de indicadores sociais as mulheres trabalham em média seis horas a menos por semana em sua ocupação remunerada mas como dedicam duas vezes mais tempo que os homens nas atividades domésticas a conta final acaba ficando em 50 horas para eles e 55 para elas.
E a pesquisadora do IBGE Cristiane Soares ressalta que essa diferença se manteve entre 2005 e 2015, principalmente porque a contribuição dos homens dentro de casa não aumentou.
E na hora da recompensa mulheres recebem em média 76% do que ganham os homens e com progressão na carreira a relação ao invés de melhorar piora caindo para 68%.
As mulheres também eram quase 70% das pessoas fora do mercado de trabalho e mesmo na juventude a diferença de gênero se impõe já que quase 30% das mulheres com idades entre 15 e 29 anos fazem parte da categoria conhecida como nem-nem por não trabalhar nem estudar.
Entre os homens o índice foi de 15% e se metade deles procurou trabalho na semana em que a pesquisa foi feita menos de um terço delas fez o mesmo. De acordo com a pesquisadora Luanda Botelho isso também se explica pela jornada doméstica.
Para Camila Ferreira se tornar uma nem-nem aos 28 anos foi uma escolha que trouxe alívio após a chegada do primeiro filho. Ela resolveu deixar a função de sub-gerente em uma imobiliária para poder se dedicar sem tanta exaustão à maternidade. Para o futuro pretende investir em uma atividade autônoma que a permita ter mais flexibilidade na carga horária.
Apesar disso, continua crescendo a quantidade de domicílios brasileiros chefiados por mulheres considerando-se todos os arranjos elas já são a pessoa de referência em 40% das casas e entre aqueles formados por casais com filhos se tornaram 22,5% no ano passado.
Os núcleos familiares compostos por mulheres sem cônjuge e pelo menos um filho tiveram uma leve queda em dez anos passando de 18,2% para cerca de 16% dos arranjos brasileiros.
Já os homens sem cônjuge e com pelo menos um filho encontram-se dentro da categoria outros que abarca todas as relações de parentesco menos numerosas e que compôs 6,5% de todas as famílias coabitantes no ano passado.
* Texto e áudio corrigidos às 19h21 do dia 2-12-16 para supressão de informação incorreta. Diferentemente do informado apenas 4,7% das mulheres com mais de 25 anos estão em cargos de gerência ou direção.