Cerca de setecentas famílias que viviam há um ano e meio em um terreno particular no bairro de São Mateus, na zona leste da capital paulista, foram obrigadas a deixar o local por determinação judicial nesta terça-feira.
Durante a reintegração de posse, alguns moradores tentaram argumentar com oficiais da Justiça explicando que o Ministério Público tinha pedido o cancelamento da desocupação. Mas eles não foram atendidos. De fato, o Ministério Público entrou mesmo com o pedido que não foi aceito pela Justiça.
Começou, então, um confronto com a Tropa de Choque da Polícia Militar. Alguns moradores atearam fogo em barricadas. Por outro lado, PMs lançaram jato de água, gás lacrimogêneo e até gás de pimenta contra o grupo. Outros moradores revidaram jogando pedaços de pau contra os policiais militares.
Um das moradoras da comunidade, Priscila Regina dos Santos foi despejada do local junto com o marido e os dois filhos.
Desempregada há dois meses e com quatro filhos, Alessandra Aparecida da Silva reclamou da falta de apoio do Poder Público.
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Habitação confirmou que nenhum funcionário esteve no local para atender os moradores. A alegação é de que a responsabilidade pela remoção das famílias é do dono do terreno e não do poder público.
O coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) Guilherme Boulos, foi preso pela Polícia Militar durante a desocupação. Ele foi acusado de desobediência civil e incitação à violência.