logo Radioagência Nacional
Geral

Roberta Da Matta vê o carnaval como lugar de questionamento de normas e padrões

Roberto Da Matta
Baixar
Joana Moscatelli
26/02/2017 - 09:26
Rio de Janeiro

Com origem na tradição da religião católica, o carnaval no Brasil ganhou ao longo do tempo características próprias e hoje é considerada umas das maiores festas populares do país. No final da década de 1970, o antropólogo Roberto da Matta se propôs a investigar o significado social da folia em seu livro Carnavais, Malandros e Heróis.

 

Para Da Matta, o carnaval sempre foi um lugar de questionamento da norma, do padrão, da forma habitual de viver o cotidiano e da libertação das repressões. Reflexo da sociedade, se, no passado, a festa questionava temas tabus como a nudez e a sensualidade. Hoje, o debate é sobre feminismo, racismo e a quebra de preconceitos, inclusive nas próprias músicas e marchinhas tradicionais. Para o antropólogo, esse questionamento é válido, desde que traga conscientização.

 

Sonora: “O carnaval tinha centro muito grande em temas tabus, como nudez, muito a ver com a sensualidade, envolvimento das pessoas, liberdade e igualdade. Hoje, estamos criando uma sociedade muito mais livre e igualitária. Nossa briga no campo política é fazer com que o país seja mais justo, mais igual. Hoje, o carnaval está trazendo mais as estereotipias. Mesmo que esteja fazendo censura, tem um importante papel, porque conscientiza as pessoas.”

 

Recém-formada em ciências sociais, a jovem Marcela Miranda brinca Carnaval na rua desde pequena e concorda que a festa seja um momento de subversão.

 

Sonora: “É quase impossível você encontrar um brasileiro que nunca tenha ido a uma festa. Desde pequena acompanho. É um momento de fuga mesmo, do pessimismo, um momento de se libertar. E a gente aproveita isso e faz da rua nossa casa, nossa festa.

 

Fuga da realidade ou momento da liberação das fantasias, tanto para o antropólogo como para a jovem carioca, o Carnaval é símbolo da alegria do povo brasileiro. Como lembrou da Matta, a festa é muitas vezes criticada como momento de alienação, mas pode ser um espaço de transformação de padrões da sociedade.

x