Rio Amazonas, Tapajós, Negro, Solimões, Madeira, Juruá: mais de 73% dos recursos hídricos do país estão na bacia do rio Amazonas.
Aquífero de Alter do Chão, no Pará, água subterrânea em um dos maiores reservatórios do mundo. É, a Amazônia tem água em abundância mas nem toda essa disponibilidade hídrica é garantia de suprimento.
“A Amazônia é um paradoxo. Você tem uma grande disponibilidade hídrica, vê aquele rio enorme que não enxerga o outro lado dele, mas, ao mesmo tempo, as pessoas têm problema de ter água em casa”, diz o superintendente de Gestão da Rede Hidrometeorológica da Agência Nacional de Águas (ANA), Marcelo Medeiros. Os números confirmam essa afirmação.
O índice de atendimento da rede de abastecimento de água na Região Norte é o menor do país: 57%. A média brasileira é de mais de 83%.
No Amapá, a água chega a menos de 40% das casas. Apenas Roraima e Tocantins estão entre os 18 estados em que o atendimento urbano por rede de água indicam valores acima de 90%.
Os dados são do Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos 2015, divulgado este ano pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental.
O diretor de Planejamento e Regulação da Secretaria, Ernani de Miranda, afirma que um dos maiores desafios do serviço de água e esgoto é vencer as desigualdades sociais.
Em São Félix do Xingu, no Pará, o servidor público Ezequiel Vieira lamenta não ter água tratada em casa, mesmo morando as margens de dois grandes rios da Amazônia, o Fresco e o Xingu.
Para ter água no seu salão de beleza em Santarém (PA) o cabeleiro Pedro Pierry Alves se juntou com outros moradores e fez um microssistema alternativo de distribuição de água.
A Companhia de Abastecimento do Pará (Cosanpa) é responsável pelo atendimento de 53 dos 144 municípios paraenses e pela água que chega à casa do Ezequiel e ao salão do Pedro.
O diretor de Operações da Companhia, Antônio Crisóstomo, justifica o abastecimento precário e diz que a saída para garantir água em todas as torneiras é realizar mais investimentos.
Segundo a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, os investimentos para melhorar a rede de abastecimento no Norte são os mais o baixos do país. Dos mais de R$ 12 milhões aplicados no Brasil por prestadoras, estados e municípios, apenas 3% foram destinados à região.