Na Trilha da História: Jornalista Carlos Chagas conta bastidores do Golpe de 64
Olá, eu sou a Isabela Azevedo e está começando o Na Trilha da História. No episódio de hoje, vamos relembrar a semana de 1964 em que os militares tomaram a presidência da República do gaúcho João Goulart e assumiram o poder.
Nosso convidado é o jornalista, comentarista e professor emérito da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, Carlos Chagas. Nossa história começa em 1961, com a renúncia do presidente Jânio Quadros. Antes de terminar o primeiro ano de mandato, Jânio abandona a presidência.
Sonora "Foi eleito com seis milhões de votos. Naquela época era o máximo. No entanto, ele não gostava do Congresso e queria ser ditador. Então, resolveu renunciar para logo depois voltar. Ele achava que o povo iria para a rua pedindo que ele voltasse. Já tinha usado essa artimanha várias vezes. Ele renunciou como candidato, ele renunciou como governador de São Paulo, mas sempre de mentirinha."
Enquanto isso, o vice-presidente João Goulart estava em viagem à China comunista. Suas ideias reformistas não agradavam aos militares e ele volta ao Brasil sob a ameaça de não assumir o Palácio do Planalto.
Com apoio do então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, que faz uma grande campanha pela posse de Jango, a constituição é cumprida. João Goulart coloca a faixa de presidente do Brasil, porém num sistema parlamentarista.
Sonora: "Mas o Jango foi tomando conta do governo, governando muito mais que o Tancredo, que era primeiro-ministro. Num sistema de parlamentarista, o primeiro-ministro é que manda. O presidente é meramente decorativo. Mas nosso parlamentarismo foi diferente e o Jango estava governando cada vez mais. Até que um belo dia o Congresso se reúne, revoga o Parlamentarismo e dá ao Jango todos os poderes de um presidente da República."
Com os poderes totais de um presidente da República, Jango reforça o discurso das reformas de base, defendendo especialmente a reforma agrária. Com apoio da Igreja, das elites produtoras e população mais conservadora, os militares agem.
Sonora: "Mas resultado: eles botam a tropa na rua. Os tanques começam a ir para a rua no dia 30 de março. Mas no 31, o Jango estava no Rio de Janeiro, mas sentiu que o Rio de Janeiro todo estava contra ele. Era uma cidade de classe média, fundamentalmente. O governador da Guanabara era Carlos Lacerda, um sujeito conservador, mas que tinha muita popularidade. Ele se lança contra o Jango e o Jango tenta organizar as forças militares que tinha também, mas não consegue nada."
Jango ainda tenta reverter a situação.
Sonora: "Então Jango vem para Brasília, aqui era a capital do País, mas também não consegue. O Exército, a Marinha, todos já estavam contra ele e iriam prendê-lo. Ele então vai para o Rio Grande do Sul, tentando reviver aquela epopeia do Brizola, quando ele, Jango, tomou posse. No entanto, não consegue. Ele não tem mais nem o apoio do pessoal do Rio Grande do Sul."
Enquanto Jango ainda estava no Rio Grande do Sul, o presidente do Senado declara vago o cargo de presidente da República.
Sonora: "O Auro de Moura Andrade faz mais uma daquelas sessões do Congresso e declara 'neste momento por conta da confusão danada que está aí no país, eu declaro vaga a presidência da República [entra trechinho do áudio do presidente do Senado].
Esta foi a versão reduzida do Na Trilha da História. O episódio completo traz, além da entrevista na íntegra com o jornalista Carlos Chagas, músicas lançadas em 1964, 1965 e 1966.
Para ouvir, acesse: radios.ebc.com.br/natrilhadahistoria. Se você quiser enviar uma sugestão de tema para o programa o email é culturaearte@ebc.com.br. Até semana que vem, pessoal!
Na Trilha da História: Apresenta temas da história do Brasil e do mundo de forma descontraída, privilegiando a participação de pesquisadores e testemunhas de importantes acontecimentos. Os episódios são marcados por curiosidades raramente ensinadas em sala de aula. Tem periodicidade semanal. Acesse aqui as edições anteriores.