A partir desta quarta-feira (5), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa) iniciam uma expedição para devolver à natureza cinco peixes-bois. Os animais, três fêmeas e dois machos, estavam em um semicativeiro no município de Manacapuru, a 68 quilômetros de Manaus.
Eles serão soltos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus, em Beruri, cidade a 173 km da capital amazonense. De acordo com Diogo Sousa, biólogo pesquisador do projeto Peixe-Boi, do Inpa, a ação é resultado de um trabalho de mais de quatro décadas, da instituição.
Sonora: “O Inpa já resgata e reabilita filhotes de peixe-boi há mais de 40 anos. Em Manaus, existe um centro de resgate e reabilitação onde os animais depois que estão saudáveis são encaminhados para uma área de semicativeiro, que é uma área para readaptar os animais às condições naturais dos rios. Esses animais ficam lá entre um e cinco anos. Atualmente, existem 15 peixes-bois e, nesta quarta, a gente vai capturar cinco desses peixes-bois, desse plantel, para reintroduzir na natureza.”
Os animais serão colocados em piscinas e serão transportados em um barco regional em um percurso que deve durar 24 horas. Na quinta-feira (6), antes do início da soltura, está prevista uma ação para conscientizar a comunidade da reserva sobre a preservação dos peixes-bois. O trabalho será encerrado no sábado (8).
Há cerca de um ano, o Inpa e a Ampa reintroduziram quatro peixes-bois à natureza no mesmo local. Os animais são monitorados, inclusive, com a ajuda de moradores da área. A expectativa, segundo o biólogo, é que a adaptação dos novos habitantes também seja bem-sucedida.
Sonora: “Os animais são acompanhados hoje por um sistema de telemetria porque gente tem um equipamento fixado na cauda do peixe-boi. O equipamento emite sinais em que o comunitário consegue encontrar o peixe-boi, saber a área que o peixe-boi está ocupando na reserva. Foi feita uma recaptura de um dos animais e um deles engordou mais de 15 quilos, cresceu mais de 10 centímetros”.
Antes da etapa de semicativeiro, os peixes-bois que chegam ao Inpa, passam por um período de reabilitação. Atualmente, 60 estão nessa fase. A maioria deles foi resgatada ainda filhote e muito debilitada.
Sonora: A caça do peixe-boi ocorre mais com animais adultos, principalmente, fêmeas com filhotes, porque elas ficam mais vulneráveis já que precisam ficar mais tempo na superfície para respirar. Normalmente, o caçador consegue capturar a fêmea, e o filhote acaba ficando órfão. É partir desse momento que um comunitário ou um pescador encontra o animal sozinho no barranco ou em redes de pesca. Quase 95% dos resgastes feitos pelo projeto são filhotes, a maioria órfãos, já que a mãe foi abatida.”
O pesquisador informou ainda que o Inpa planeja levar 30 peixes-bois para o semicativeiro e devolver pelo menos 20 à natureza nos próximos quatro anos.
