Executivos da Odebrecht apontam irregularidade na construção de Centro Administrativo de Brasília
Delações de executivos da Odebrecht indicam que, em 2014, o ex-governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz e seu vice, Tadeu Fellipelli, receberam R$ 2,5 milhões para viabilizar a construção do novo Centro Administrativo de Brasília, que fica na região de Taguatinga.
Segundo depoimento dos diretores da Odebrecht, João Pacífico e Alexandre Barradas, teria sido pago 2 milhões de reais para Felippeli, por ter conseguido que o governo desse as garantias para a Odebrecht e a Via Engenharia conseguirem financiamentos para a obra.
Agnelo teria recebido R$ 500 mil por ter sinalizado o início do pagamento pelo GDF de valores previstos na licitação.
O executivo João Pacífico diz como funcionou o acerto com o então governo do DF.
As delações afirmam que, em 2014, o governo de Agnelo Queiroz concedeu o habite-se para obra dois dias antes do fim do mandato, como contrapartida para a propina paga.
A defesa do ex-governador diz que é impossível emitir qualquer opinião, já que não se tem conhecimento de toda investigação. Afirma ainda que Agnelo se mantém convicto quanto a regularidade de todos os atos por ele praticados.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa do ex-vice-governador Tadeu Fellipelli.
O novo Centro Administrativo do DF foi licitado em 2008, durante o governo de José Roberto Arruda. A Odebrecht, em consórcio com a Via Engenharia, venceu a licitação, que segundo as delações, foi conseguida através de um acordo com as construturas Manchester e Delta, que também participavam da concorrência. É o que explica o executivo João Pacífico.
O acordo previu para Manchester 25% dos contratos de limpeza e vigilância do novo Centro Administrativo.
A defesa do ex-governador Arruda diz que não teve acesso às delações, mas que tem certeza que não tem nenhum fato para incriminá-lo.
A Via Engenharia informou que não tomou conhecimento do teor da delação da Odebrecht e que desconhece as circunstâncias das negociações que envolvem a empreiteira. A reportagem não conseguiu retorno da empresa Manchester.
O governo do DF ainda não utiliza o Centro Administrativo. O habite-se da obra foi anulado e a concessão é objeto de disputas judiciais.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin encaminhou o caso para investigação da Justiça Federal em Brasília.