29 de junho de 1948. O apartheid é oficialmente implantado na África do Sul.
Com a vitória nas eleições de 1948 do Novo Partido Nacional, na África do Sul, o racismo entrava na ordem do dia. A legislação imposta pelo novo governo criava normas para regular as relações entre brancos e negros.
A minoria branca, cerca de 2 milhões e meio, detinha todo poder político, social e econômico no país.
Com o Apartheid, regime de segregação racial, não era permitido o acesso de negros às urnas. A maioria negra, oito milhões de pessoas, não podia votar nem transitar por espaços destinados à minoria branca.
Confinados em áreas específicas, com pouca ou quase nenhuma infraestrutura. As relações sociais e afetivas também ficaram sujeitas ao novo regime: educação segregada, proibição do casamento entre pessoas de diferentes etnias.
Brancos, negros, mestiços e asiáticos separados. Não podiam votar e tinham de ter licença especial para transitar em áreas habitadas por brancos. Maridos foram separados de suas esposas, irmãos foram separados, mães e pais foram separados dos filhos. Viviam, assim, em regime de quase escravidão, sendo desrespeitados, hostilizados, feridos em sua dignidade, em sua condição humana.
E foi assim, que no corpo violentado, no espírito revoltado, crescia o desejo de mudança, de resgatar sonhos, de resgatar a dignidade de pessoas violentadas em um de seus direitos mais legítimos: o da liberdade.
E no desejo de liberdade, surgia a oposição ao apartheid. E, na mesma medida, de forma mais intensa – a violência.
Em 1976, no bairro de Soweto, um jovem de 12 anos de idade, Hector Pieterson, foi morto ao participar de um protesto. Além dele, morreram cerca de mil pessoas, quase todas negras.
Cerca de 16 anos antes, a polícia matou 67 negros que participavam de uma manifestação em Sharpeville, e um dos maiores líderes da luta contra o apartheid, Nelson Mandela, foi preso e condenado à prisão, onde passou 27 anos. Até que, depois de muita luta, após protestos em diversas partes do mundo, e ações humanitárias, o regime segregacionista na África do Sul começava a perder força.
Assim, em 1990, Mandela foi libertado. Dois anos depois, foi votado o fim do apartheid no país. Líder da luta contra o regime segregacionista, tendo inspirado movimentos contra o racismo em todo o mundo, Mandela, também conhecido como Madiba, nome do clã a que pertencia, recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Em 1993, foi eleito o primeiro presidente negro do país.
Da prisão à presidência da república, Mandela representava o espírito da luta pela liberdade, tendo deixado uma herança política: uma nova África, live da segregação, liberta do apartheid.
