Na Trilha da História: Toda modernidade do Rio nas letras de Noel Rosa, o poeta que inspirou o samba
Olá! Eu sou a Isabela Azevedo e está começando mais um Na Trilha da História! Hoje, nosso assunto é Noel Rosa, o poeta de Vila Isabel, um dos principais precursores do samba! Nosso entrevistado é o historiador e pesquisador de música brasileira André Diniz, autor de vários livros sobre samba e carnaval.
Ele começa nosso papo contando que Noel nasceu no Rio de Janeiro depois de um parto complicado. Era dia 11 de dezembro de 1910. Ao perceber que a dilatação não seria suficiente para a passagem do bebê, o médico decidiu usar o fórceps.
Sonora: "Começa com um parto de difícil porque ele foi tirado a fórceps e o maxilar dele afundou. Isso, de certa maneira, causa um problema de alimentação para a vida inteira porque ele não podia comer nada sólido, só líquido. Quando ele tem a tuberculose, ele se alimentando muito mal, isso vai agravar a doença dele."
A deformidade poderia transformar Noel em um menino tímido e inseguro, mas não foi o que aconteceu. Com o violão debaixo do braço e uma piada na ponta da língua, o poeta de Vila Isabel caiu na graça dos malandros, dos músicos e das mulheres do Rio de Janeiro.
Sonora: "Mas o Noel, ao circular muito por essa boemia, ele conhece a grande paixão: a Ceci. É uma dançarina de um cabaré na Lapa. Ela foi a grande paixão dele, e ele vai escrever a última música para ela. Mas, sem dúvida, era um namorador."
A música que deslanchou a carreira de Noel foi Com que Roupa, composta em 1929.
Sonora: "O país estava num momento de crise com a queda da bolsa de 1929. Então Com que Roupa era 'com que dinheiro eu vou ao samba'. Tem também uma história que os amigos do Noel contavam que a mãe escondia as roupas dele para que ele não fosse para a boemia. Mas, provavelmente, o que mais influenciou foi o clima de pobreza da época."
Durante oito anos, ele se transformou numa máquina de produzir sucessos. Foram quase 300 composições com letras marcadas pelo humor inteligente do jovem rapaz.
Sonora: "Essa produção dele se deu muito por ele ser um indivíduo muito particular, por ele circular pelo Rio de Janeiro, pela Vila Isabel, pelo Morro de Mangueira, onde ele era amigo de Cartola. Então, o Noel era um grande mediador cultural porque ele tinha uma formação mais rebuscada e os compositores populares eram mais simples. Noel vai trazer toda essa modernidade do Rio de Janeiro, as coisas boas e as ruins, na sua poesia."
Aos 27 anos incompletos, as noitadas festejadas com cigarro, bebida e sereno pesaram sobre a saúde do carioca. A tuberculose levou Noel Rosa no dia 4 de maio de 1937.
Sonora: "A debilidade dele na alimentação, a boemia, o uso excessivo de álcool, o fumo... Isso o debilitou e acelerou o processo da tuberculose dele."
Passados 80 anos da morte do poeta da Vila, as canções que ele compôs continuam a inspirar as seguidas gerações de músicos.
Sonora: "Então você vem numa tradição dessa linha da MPB de pessoas que valorizam a obra de Noel. Se você for entrevistar o Chico Buarque, o Caetano Veloso, eles vão falar de Noel. A força da obra dele e a permanência da construção das memórias em cima de Noel Rosa faz com que ele seja um dos compositores mais lembrados até hoje."
Esta foi a versão reduzida do Na Trilha da História! O episódio completo tem 55 minutos e traz, além da entrevista na íntegra com o pesquisador André Diniz, vários sucessos de Noel Rosa. Para ouvir, acesse: radios.ebc.com.br/natrilhadahistoria. E se você quiser enviar uma sugestão para o programa, nosso e-mail é culturaearte@ebc.com.br. Até semana que vem, pessoal!
Na Trilha da História: Apresenta temas da história do Brasil e do mundo de forma descontraída, privilegiando a participação de pesquisadores e testemunhas de importantes acontecimentos. Os episódios são marcados por curiosidades raramente ensinadas em sala de aula. Tem periodicidade semanal. Acesse aqui as edições anteriores.





