Teve gente que não esperou até os primeiros minutos de 2018 para fazer os seus agradecimentos de 2017 e pedidos para o ano que começa.
E um dos pontos de Brasília para as reverências espirituais é a Praça dos Orixás, à beira do Lago Paranoá, no local conhecido como Prainha. Logo cedo, os Filhos de Gandhy passavam o som, para o show da noite, e deixavam o ambiente ainda mais simbólico.
Grupos, vestidos em sua maioria de branco, deixavam flores, acendiam velas coloridas, ofereciam iguarias como peixe e muito espumante. Pai Rogério de Oyá, babalorixá há mais de 20 anos, explica o significado das oferendas, entre elas os ebós, comidas usadas em rituais de purificação.
É o segundo ano que a estudante Keila Roberta vai até a Praça dos Orixás para dividir seus votos de Ano Novo com os presentes. Ela é do Candomblé, e encontra nesse espaço um símbolo de resistência contra o preconceito, e também de comunhão.
Comunhão que envolve pessoas das mais variadas religiões. A católica Maria Dulce Nascimento diz que vai à Praça dos Orixás todos os dias 31 de dezembro desde que o local foi criado. Ela visita Iemanjá, que compara à Nossa Senhora. O pedido dela para 2018 é simples: mais amor.
Um apelo foi feito em frente a imagem de Oxalá, incendiada de forma criminosa em 2016. Até hoje a estátua não foi recuperada. É o contraste entre a destruição e as cores dos presentes aos orixás, entre a intolerância e a diversidade religiosa que se fez presente no último dia de 2017, à beira das águas de Brasília.