O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Força Aérea Brasileira (Cenipa) identificou condições de visibilidade menores que as mínimas exigidas para pouso no aeródromo de Paraty, destino final do avião que transportava o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator da Lava Jato Teori Zavascki e três passageiros, além do piloto Osmar Rodrigues, todos mortos na queda da aeronave, no dia 19 de janeiro do ano passado.
O tempo evoluiu rapidamente para as piores condições de voo pouco depois da decolagem, em São Paulo. O aeródromo de Paraty só pode ser usado durante o dia e com pouso em modo de voo visual, sem a ajuda de equipamentos.
A comissão de investigadores, composta por 18 pessoas, identificou que quando o piloto tentou aproximação pela primeira vez, um equipamento que emite alarmes sonoro e visual quando a aeronave opera abaixo da altitude de segurança, deu o primeiro alerta.
O piloto desligou os alarmes, mas o equipamento continuou gravando, o que é contra as medidas de segurança, de acordo com o chefe do Cenipa, Frederico Alberto Marcondes.
Foi registrado que o piloto Osmar Rodrigues desistiu do primeiro pouso e avisou que tentaria de novo quando a visibilidade melhorasse.
Menos de três minutos depois ele retornou, o que indicaria que o profissional desistiu de esperar. Nessa nova tentativa de pouso, ele ficou muito próximo do mar e tentou arremeter fazendo uma curva que, segundo cálculo do Cenipa, fez com que a aeronave colidisse com a ponta da asa direita na água.
Durante a curva, o piloto pode ter percebido a inclinação da aeronave de forma distorcida, um tipo de erro chamado tecnicamente de ilusão vestibular.
Além disso, os investigadores não encontraram defeitos na aeronave que pudessem ter causado o acidente.
O piloto tinha 30 anos de experiência e todos os exames e habilitações estavam em ordem. Os exames toxicológicos também não detectaram substância, legal ou ilegal, que comprometesse o desempenho de Osmar.
O brigadeiro Frederico Alberto Marcondes reafirmou que não foram encontrados sinais de sabotagem.
Segundo o investigador responsável, coronel Marcelo Moreno, existia também uma cultura entre os pilotos e os proprietários de aeronaves que circulavam no aeródromo de Paraty, de valorizar profissionais que conseguissem operar mesmo em condições inseguras.
O relatório do Cenipa não implica em acusação criminal ou civil, ou atribui culpados. O relatório é técnico e identifica os elementos que contribuíram para o acidente.