Pelo menos dez pessoas foram presas na 3ª fase da Operação Carne Fraca chamada de Operação Trapaça.
Entre os presos está o ex-diretor-presidente do grupo BRF, Pedro de Andrade Faria. O grupo é dono de marcas como Sadia, Perdigão e Qualy.
Ao todo, foram expedidos 91 mandados judiciais, sendo 11 de prisão temporária, 53 de busca e apreensão e 27, de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para prestar depoimento.
A Operação foi cumprida em cinco estados: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo.
As investigações demonstraram que cinco laboratórios - credenciados junto ao Ministério da Agricultura - e setores de análises da empresa BRF teriam fraudado resultados de exames em inspeções.
Eles teriam informado ao Serviço de Inspeção Federal dados fictícios em laudos e planilhas técnicos. Os resultados dos exames eram relacionados a bactérias do grupo Salmonela.
De acordo com o delegado Maurício Boscardi Grillo, a carne era exportada para 12 países, entre eles China, África do Sul, Rússia e nações da União Europeia.
Ele diz também que a fraude foi descoberta por meio de e-mails trocados entre executivos e funcionários do controle de qualidade. E ele explica como os laboratórios da empresa fraudavam a inspeção.
O Ministério da Agricultura informou que o risco à saúde pública não está "devidamente configurado". E completou dizendo que salmonela, por si só, não caracteriza risco à saúde, já que depende da forma de consumo. O órgão suspendeu o credenciamento dos laboratórios e da empresa.
O nome dado a essa fase é uma alusão ao sistema de fraudes operadas por um grupo empresarial do ramo alimentício e por laboratórios de análises de alimentos a ele vinculados.
Os investigados poderão responder por crimes como falsidade documental, estelionato qualificado e formação de quadrilha, além de crimes contra a saúde pública.
Tentamos contato com a BRF, mas até o fechamento desta reportagem a empresa não divulgou posicionamento sobre a operação. A reportagem não localizou a defesa de Pedro Faria.