Levantar cedo, pegar duas conduções, pra ir e voltar do trabalho, enfrentar longas horas de trânsito e tudo isso em uma cidade onde os casos de violência são cada vez mais alarmantes.
Essa é a rotina da carioca Viviane Antero. E a cereja do bolo na vida estressante da bancária são as metas que ela precisa cumprir diariamente.
Sonora: “O bancário tem uma meta mensal, então se a sua meta é diária e você não conseguiu produzir, no dia seguinte, tem que produzir o dobro, justamente pra compensar o que não foi feito no dia anterior.”
Ela busca alternativas para driblar o estresse, mas por causa dessa cobrança, que ela chama de agressiva, já viu muito colega adoecer.
Sonora: “Conheço vários colegas que tiveram que se ausentar justamente pela cobrança que era muito grande. Isso faz com que a pessoa acabe tendo depressão. Interfere na sua família, na sua vida pessoa, você não consegue trabalhar.”
E foi justamente o estresse que afastou da sala de aula a professora de Brasília, Mônica Ribeiro.
Sonora: “Eu tive depressão e estresse por conta do excesso de trabalho, por causa das más condições de trabalho, eu achei até que não iria voltar. Fiquei seis meses afastada. Tô bem hoje. Tô de volta.”
E o caso de Mônica não é isolado. Segundo a presidente do Sindicato dos Professores do Distrito Federal, Rosilene Corrêa, 5 mil professores estão longe das salas de aula. Oitenta por cento, com algum quadro de doença de cunho emocional.
Sonora: “Temos uma realidade de pouca valorização dos trabalhadores de educação, principalmente do professor e isso acaba gerando um ambiente desfavorável, que é esse profissional que vale pouco, também não merece o meu respeito e isso é muito grave, leve ao adoecimento, é um desestímulo à profissão, os professores estão adoecidos dentro da sala de aula.”
Dados do Ministério da Saúde mostram que os transtornos mentais relacionados ao trabalho são a terceira maior causa de licenças médicas e afastamento de trabalhadores.
Para a psicóloga Maria Célia Lima, o estresse, a cobrança excessiva e o volume de trabalho resultam numa combinação nada positiva que pode gerar depressão. Ela alerta que o empregado deve sempre buscar ajuda.
Sonora: “Quando a pessoa se sente muito irritadiça, sem ânimo, isso já são sintomas de que não está bem. Antes que isso fique num volume maior, a pessoa fazer um check-up, buscar ajuda profissional...”
E o empregador deve fazer a sua parte: buscar um ambiente amistoso e conciliador é fundamental para manter o estresse e as doenças longe do trabalho.