Em menos de 48 horas, 28 pessoas foram assassinadas na Grande Belém, entre a tarde de domingo e as 6h30 dessa terça-feira.. Crimes podem ter relação com a morte policial militar.
Os números foram fornecidos pela Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup). Todas as vítimas foram atingidas por arma de fogo. De acordo com a Polícia Civil, os crimes têm características de execução.
As mortes tiveram início após a cabo Maria de Fátima dos Santos, de 49 anos, ser assassinada a tiros dentro de casa, no município de Ananindeua, na tarde do domingo. A policial militar havia denunciado que vinha sofrendo ameaças de morte de marginais da área que teriam arrombado a casa dela para furtar uma arma. A policial estava sob proteção do programa PM Vítima, da Polícia Militar do Estado.
Foi a terceira chacina no mês de abril na região metropolitana de Belém. No dia 9, 12 pessoas foram assassinadas, após o homicídio de um outro policial militar. Um dia depois, 23 pessoas morreram, durante tentativa de fuga no Complexo Prisional de Santa Isabel.
Esse ciclo de morte tem se repetido e, sempre que um agente de segurança é assassinado, a população fica assustada por temer reações violentas. Quem faz a afirmação é a representante de uma organização não governamental (ONG) ligada aos Direitos Humanos no Pará. Por medo, a mulher, que já foi ameaçada, prefere não ter o nome revelado. Ela detalha o perfil das vítimas das chacinas.
Sonora: “A maioria das vítimas são da juventude, são da periferia e são negros. Nem todos tiveram alguma situação com ilícito ou criminal. Pelo menos que eu tenha acompanhado de perto. É um ser humano. E não vamos aceitar que grupos armados façam justiça com as próprias mãos.”
A violência também atinge em cheio a corporação. O número de policiais mortos nos quatro primeiros meses de 2018 é quase o mesmo de todo o ano passado. De acordo com a Segup, em 2017, 25 policiais militares e dois civis, na ativa, foram vítimas dos crimes de latrocínio e homicídio. Entre janeiro e abril deste ano, já são 21 policiais militares e um civil mortos.
O governo do Pará informou que, desde segunda-feira (30), reforçou o efetivo de policiais nas ruas, com o início da Operação Sáfara 3 e que a PM vai adotar a chamada jornada extraordinária na região metropolitana de Belém, com a finalidade de colocar cerca de 800 agentes à rotina de policiamento. Outra medida é a troca da empresa responsável pelo bloqueio dos sinais de celulares nos presídios.