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Saúde do Trabalhador: empresas devem reduzir peso do saco de cimento até 2028

Saúde do Trabalhador
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Ana Lúcia Caldas
31/07/2018 - 15:00
Brasília

Sonora: "Eu não conseguia abaixar, ficar sentado doía, na cama ao deitar eu tinha que ficar totalmente parado, a medicação não surtia efeito, eu cheguei a usar um colete ortopedico, tudo isso para poder lidar com a dor, mas a dor não melhorava."
 

Luis Clauido Ferreira Cantanhede é uma das milhares de pessoas que sofrem com dor nas costas, doença que mais afasta brasileiros dos postos de trabalho. Para se ter uma ideia, em 2017, foram 83 mil e 800 casos, segundo a Secretaria de Previdência, do Ministério da Fazenda.

 

Nos últimos dez anos, a enfermidade tem liderado a lista de doenças mais frequentes entre os auxílios-doença concedidos pelo INSS.

 

Práticas como fisioterapia e ginástica laboral podem ajudar na prevenção, mas casos mais graves exigem até cirurgia.

 

O médico neurologista especialista em dor Bernardo de Mônaco fala das causas mais comuns.

 

Sonora: "A grande maioria das dores lombares não estão relacionadas com o nervo, elas estão relacionadas com o desequilíbrio dos músculos, seja por um esforço físico aumentado, seja porque dormiu numa posição ruim, problema de postura pra dirigir, postura no trabalho, postura para sentar, falta de atividade física, pessoas que fazem trabalho braçal, levantando muito peso, carregadores de saco de batata, saco de cimento, são a população de risco para ter dor lombar."
 

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção e Mobiliário de Brasília, Raimundo Salvador , lembra hoje do esforço do tempo que fazia ao carregar sacos de cimento.

 

Sonora:  "Quando comecei aqui em Brasília em 1989 eu era servente de obra, e pra mim um dos trabalhos mais desgastantes era quando chegava uma carreta de cimento e você tinha um prazo determinado para fazer a descarga dela. Então aquele peso com a locomoção se torna muito desgastante."


No mês passado, para preservar a saúde do trabalhador, o Ministério Público do Trabalho fechou um acordo, com 33 empresas cimenteiras para reduzir o peso dos sacos de cimento de 50 para 25 quilos. As fabricantes têm prazo até 31 de dezembro de 2028 para se adequarem.

 

O coordenador Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho do Ministério Público do Trabalho, procurador Leonardo Osório Mendonça fala do acordo.

 

Sonora:  "É um acordo que não foi um acordo fácil. É um acordo que foi bastante trabalhoso, até porque a lei permite que otrabalhador carregue até 60 quilos. As indústrias ponderaram e de fato é verdade que o custo das indústrias para a redução desse peso do saco decimento é muito grande porque tem que mudar todo o maquinário das indútrias. Então foi dado um prazo de 12 anos para as indústrias diminuírem o peso do saco de cimento.
 

Nas fábricas, os sacos são transportados por empilhadeiras, mas quando chegam nas distribuidoras e lojas de material de construção o carregamento é manual.

 

O termo de compromisso prevê a aplicação de multas diárias de até R$ 10 mil reaispara companhias que descumprirem o acordo. Embalagens com pesos diferentes só para produtos com destino à exportação.

 

Segundo o procurador Leonardo Mendonça a sociedade paga a conta pelo afastamento do trabalhador.

 

Sonora: "Toda a sociedade vai pagar essa conta porque esse trabalhador vai seer afastado. Se falar hoje em rombo da Previdência e se esquece de que grande parcelas dos beneficios previdenciarios são pagas para quem não deveria estar recebendo, porque o trabalhador não deveria estar doente não deveria ter sido acidentado durante a prestação do seu trabalho."

 

O Procurador do Trabalho lembra que se for comprovado que a dor nas costas é resultado do ambiente laboral pode ser considerada acidente de trabalho.

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