Um grupo de trabalho bilateral, criado pelo Ministério da Segurança Pública e pela Confederação da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA) vai estudar, pelos próximos dois anos, a criminalidade no campo e propor políticas públicas.
O grupo foi instalado nessa quarta-feira (8) e tem como primeiro desafio apresentar,em 45 dias, um relatório sobre quais as medidas de combate e prevenção podem ser adotadas.
Até agora, um mapeamento feito por amostragem pela CNA aponta que 82% das ocorrências no campo referem-se a roubos e furtos e mais da metade dos crimes ocorrem em propriedades de pecuária de corte e leite.
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, anunciou que a confederação fará parte do Conselho Nacional de Segurança Pública, a ser instalado até o final do ano.
De acordo com ele, também nos próximos meses, haverá capacitação e envolvimento de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Federal (PF).
“A participação [ da PRF e da PF] é que a gente passe a ter uma política de combate à violência e de promoção da segurança no campo para que o homem que produz, que põe alimento nas nossas mesas, para aqueles que exportam e que têm uma importância fundamental para o Brasil possam produzir em paz e com tranquilidade.”
O grupo de trabalho criado no âmbito do Ministério da Segurança Pública e da CNA será coordenado pela delegada da Polícia Civil do Rio Grande do Sul Sandra Mara Neto. De acordo com ela, a suspeita é de que os roubos em propriedades rurais são praticados por integrantes de facções criminosas.
“Há necessidade primeira de implementar estatísticas, de ter registros policiais para verificar a ocorrência desses fatos, para depois começar a traçar o perfil dos criminosos.”
Os produtores e trabalhadores rurais serão incentivados a denunciar crimes, especialmente casos como roubos de gado, assaltos e furtos nas fazendas. Não há, ainda, previsão de participação de movimentos e federações de trabalhadores rurais.
De acordo com pesquisa da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 2017, 65 pessoas foram assassinadas em conflitos no campo. A comissão defende a reforma agrária como forma de enfrentar o problema.