Defesa de 3º suspeito de planejar ataque em Suzano diz que jovem 'fantasiou' sobre massacre
O advogado do adolescente suspeito de ter participado do atentado à escola Raul Brasil, em Suzano, São Paulo, afirmou nesta segunda-feira (25) que as conversas que o jovem trocou com o atirador - em que eles teriam planejado um ataque à escola - aconteceram em 2015, e estavam na esfera das fantasias de um adolescente de 13 anos.
Para defender a tese, o advogado Marcelo Feller detalha mensagens que o acusado mandou para outros colegas e até para um dos atiradores logo depois do atentado.
Sonora: "Se esse adolescente teve efetiva participação e não queria ser pego tanto é que não confessou, ele certamente teria ficado na moita, tão logo as coisas acontecem. Mas não. Na sua sinceridade (e o pensamento do garoto é simplista: ele tinha certeza que ele não ia ser apreendido,que ele não ia ser acusado porque afinal ele não fez nada. Tão logo ele descobre o que acontece, ele começa a conversar com outro adolescente contando “nossa isso é uma coisa que nós pensamos juntos”. Ele está se referindo a 2015, ao passado."
Para tentar provar a inocência do adolescente, a defesa também vai analisar outros casos de massacres em escolas.
Segundo o advogado, de 150 casos de atiradores em escolas registrados nos últimos 100 anos, apenas dois contaram com a atuação de um participante fora da cena do crime e todos assumiram a participação no massacre.
O advogado também criticou o vazamento de provas para a imprensa e disse que a defesa tem dificuldades de acessar as provas que já estão no inquérito.
Segundo Feller, foram feitas 37 solicitações à Justiça.
Entre os pedidos estão o acesso a possíveis conversas travadas entre os dois assassinos de Suzano e o terceiro acusado e também com outras pessoas e a comparação das impressões digitais deixadas no carro usado pelos assassinos com as digitais do acusado.
Logo depois do atentado, o adolescente, que hoje tem 17 anos, passou a ser apontado pela polícia e pelo Ministerio Público como um dos mentores do massacre, no dia 13 de março, que terminou com 11 feridos e 10 mortos, incluindo os dois assassinos.
Na terça-feira passada (19), a Justiça determinou a apreensão do jovem, que vai ficar internado na Fundação Casa por 45 dias ou até o momento em que o inquérito for concluído.
Segundo a polícia, o jovem teria mostrado um comportamento frio em relação ao atentado.
Nessa terça-feira (26), será realizada uma audiência pública no fórum de Suzano para ouvir testemunhas indicadas pelo Ministério Público.
Como envolve um adolescente, o processo corre em segredo de Justiça.