O juiz federal Rodrigo Parente Bentemuller, da 15ª Vara no Distrito Federal, aceitou nessa quinta-feira (28) uma denúncia contra o ex-presidente Michel Temer, pelo crime de corrupção passiva.
Com isso, Temer virou réu no mesmo processo que envolve o ex-assessor dele e ex-deputado federal pelo MDB, Rodrigo da Rocha Loures.
A ação trata sobre a mala com R$500 mil em propina, supostamente paga pelo frigorífico J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista, em abril de 2017.
De acordo com o Ministério Público Federal, Rocha Loures seria um intermediário, que levava a propina para o ex-presidente.
As provas apresentadas são as gravações que Joesley Batista entregou para a Justiça, contendo conversas com Michel Temer, em uma reunião que não constava na agenda presidencial, na residência oficial da Vice-Presidência da República, o Palácio do Jaburu.
Nas gravações, feitas um mês antes do flagrante da entrega da mala com dinheiro, Temer pediu que Joesley negociasse diretamente com Rocha Loures.
Ainda de acordo com o Ministério Público, esses R$ 500 mil seriam parte de uma esquema de pagamento de propina que pode chegar a R$ 38 milhões, pagos ao longo de nove meses.
O código penal prevê pena de 2 a 12 anos de prisão, mais multa, para quem comete o crime de corrupção passiva.
O advogado Eduardo Carnelós, que defende o ex-presidente Michel Temer, se manifestou por meio de nota.
Informou que essa denúncia foi a primeira acusação formulada pelo ex-Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, depois do que a defesa chama de “sórdida operação com a qual se pretendeu depor o então presidente da República”. Ainda de acordo com o advogado, tudo que nasceu daquela operação é ilegal, imoral e sem fundamento.
Na última quinta-feira, Michel Temer foi preso por suspeita de participação em um esquema de corrupção na construção da Usina Nuclear Angra 3, no estado do Rio de Janeiro. Na segunda à noite, ele deixou a cadeia, porque a prisão foi considerada desnecessária.