A distância entre a dedicação de homens e mulheres a tarefas domésticas no Brasil ainda soma 14 pontos percentuais.
Enquanto 78% dos homens realizaram essas tarefas em 2018, a taxa de realização foi de 92% entre as mulheres.
As mulheres ainda dedicam o dobro de horas semanais em afazeres domésticos e cuidados com as pessoas.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua sobre Outras formas de trabalho, divulgada nesta sexta-feira (26) pelo IBGE.
A pesquisa mostra, no entanto, que a distância na dedicação ao lar vem diminuindo. Já foi de 17,9 pontos percentuais em 2016 até chegar aos 14 em 2018, embora haja desigualdade entre as regiões e no Nordeste essa diferença ainda atinja 20 pontos percentuais
O comportamento do funcionário público Alexandre Franco exemplifica a mudança na divisão sexual das tarefas domésticas que vem ocorrendo lentamente.
Com um horário de trabalho mais flexível, ele assume mais tarefas do que a esposa.
Mas os dados mostram que Alexandre ainda é exceção.
Cozinhar é a atividade que expressa a maior diferença entre homens e mulheres, com incidência de 60,8% para os homens e 95,5% para as mulheres, seguida por lavar roupas e calçados.
A única atividade que os homens assumem mais são os pequenos reparos do domicílio, automóvel, de eletrodomésticos, cuja taxa é de 59% para os homens e 30% para as mulheres.
A pesquisadora do IBGE, Maria Lucia Vieira, coordenadora do estudo, destaca que a desigualdade persiste também na definição das tarefas de cuidado.
Mesmo entre os homens que não estavam trabalhando fora a dedicação de horas aos afazeres e cuidados era menor.
Enquanto eles gastaram cerca de 12 horas semanais, essas tarefas consumiram uma média de 18 horas semanais das mulheres em 2018, mesmo elas estando ocupadas.
A pesquisa trouxe também dados sobre o trabalho voluntário e a produção para próprio consumo. Em 2018, 4,3% da população fez trabalho voluntário, e a maior parte continuou sendo dedicado a igrejas, sindicatos, partidos políticos, escolas, hospitais ou asilo, que representaram quase 80%.
Em relação a produção para o próprio consumo, as atividades de cultivo, pesca, caça e criação de animais representaram o principal grupo tanto para homens quanto para mulheres.
Os dados mostram que quanto maior o nível de instrução, menor a taxa de realização desse tipo de trabalho.
Em 2018, 13,2% das pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto realizaram produção para o próprio consumo, enquanto apenas 3,1% daquelas com ensino superior completo o fizeram.