Dois sonhos, 200 anos de planejamento, 1.000 dias de obras: há 60 anos nascia Brasília
Era quinta-feira, 21 de abril de 1960. Um sonho era concluído, para que outro começasse. Depois de 200 anos de planejamento para trazer a capital para o Planalto Central e mil dias de obras intensas, Brasília deixava de ser a borboleta desenhada por Lucio Costa em 1957, que lembra um avião, e se erguia no concreto armado dos prédios de Oscar Niemeyer, que parecem flutuar no espaço.
A nova paisagem no cerrado representa o sonho de um Brasil corajoso, forte, independente, que passasse a olhar mais para si e valorizar o interior da mesma maneira que o litoral. O nascimento de Brasília não foi marcado por acaso. Foi no dia 21 de abril de 1792 que Tiradentes, líder da Inconfidência Mineira, foi morto por defender a independência do Brasil.
A Rádio Nacional Brasília AM, a primeira a chegar à nova capital, dois anos antes da inauguração, transmitiu o discurso do presidente Juscelino Kubitschek.
Infelizmente, a comemoração dos 60 anos não pôde ser como a gente esperava. Afinal, vivemos um momento difícil, mas que vai passar. Isolados socialmente, fazemos a nossa parte e demonstramos nosso carinho por quem precisa trabalhar, cada dia que ficamos em casa e saímos só para o essencial.
É um bom momento para refletir quantas Brasílias cabem nessa capital.
A Brasília do rock, do sertanejo, do choro e do forró. A Brasília dos parques, dos shoppings, das cachoeiras, do lago e da terra vermelha. A Brasília das grandes avenidas, quase sem calçadas, mas com os seus ipês coloridos. A Brasília das tesourinhas e dos balões, dos camelos e dos baús.
A Brasília onde a gente aprende a ficar de boa debaixo dos blocos das superquadras, véi. A Brasília com seus setores que fazem todo o sentido para quem mora aqui e confundem quem vem de fora. A Brasília que pouca gente conhece, mas se espanta quando descobre como a Esplanada dos Ministérios fica perto do Setor de Diversões.
A cidade que tem grandes problemas, de desigualdade social, de violência, de mobilidade. Mas a capital de todos os brasileiros também recebe gente do país inteiro, disposta a fazer com que esses problemas nunca sejam maiores do que o nosso céu. Afinal, já dizia Lúcio Costa, “o céu é o mar de Brasília”.
E, como este ano não vai ter festa, eu te faço um convite: logo mais, às 7 da noite, vamos todos para as janelas, bater palmas e celebrar esses 60 outonos da nossa capital.
Parabéns, Brasília!
* Acesse aqui as resportagens do especial Brasília 60 Anos, que vai ao ar na Rádio Nacional e parceiras e também é publicado na Radioagência Nacional.





