Entregadores de aplicativos ganham menos e trabalham mais durante pandemia, revela pesquisa
Durante a pandemia da Covid-19, entregadores de aplicativos de comida trabalham mais, ganham menos e precisam adquirir seus equipamentos de proteção individual. Essas foram as principais revelações da pesquisa da Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista da Universidade Federal do Paraná. O levantamento foi realizado em 29 cidades brasileiras por meio de questionários on-line
O estudo mostra que 62% desses profissionais trabalham acima de nove horas diárias durante a crise sanitária. Antes, esse percentual ficava em 57%. Além disso, quase 80% atuam de seis a sete dias por semana.
Um dos organizadores da greve nacional dos entregadores, o conselheiro da Associação dos Motoboys Autônomos e Entregadores do Distrito Federal, Abel Santos, revela que na verdade a maioria trabalha muito mais.
Apesar de trabalhar muito para atender as pessoas que estão em casa em quarentena, Abel e os outros entregadores de aplicativos ganham menos. Antes do surgimento do novo coronavírus, quase 60% recebiam de R$ 261 até R$ 1.041 por semana. Mas agora, apenas um terço recebe esses valores. Abel diz que os ganhos dele e dos companheiros de trabalho, em geral, são menores.
Mais de 90% dos entregadores que levam a comida que pedimos por aplicativos até nossas casas utilizam álcool em gel e máscaras para evitar a Covid-19. Apesar disso, 57% não receberam ajuda das empresas de aplicativo para adquirir esses itens.
O entregador Pedro Igor acrescenta que além de todos os problemas revelados pela pesquisa, o novo sistema de ranking também prejudica.
No Distrito Federal, os grevistas protestaram no Eixo Monumental. Eles pedalaram do Tribunal de Justiça até a Esplanada dos Ministérios. A manifestação foi para pedir melhores condições de trabalho e mostrar ao país a realidade das relações trabalhistas do setor.