Atlas da Violência mostra mais de 57 mil assassinatos em 2018
O Brasil registrou 57.956 assassinatos em 2018. Quase 76% das vítimas eram negras, o que corresponde a mais de 43 mil.
Do total de pessoas assassinadas, 31 mil tinham entre 15 e 29 anos de idade. E 4.519 eram mulheres. O que corresponde a uma mulher morta a cada duas horas no país. Entre elas, mais de três mil eram negras. Apesar desses índices preocupantes, o número de homicídios em 2018 foi 12% menor que o do ano anterior.
Esses são os principais dados do Atlas da Violência 2020 divulgado nesta quinta-feira (27) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o IPEA- Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. O coordenador do Atlas da Violência, Daniel Cerqueira, explica que, desde o documento de 2017, é verificada uma tendência de queda das mortes violentas e revela que os motivos estão relacionados com o Estatuto do Desarmamento e políticas de segurança, entre outros fatores.
Mas a preocupação do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Ipea ainda é com a alta taxa de mortes violentas de jovens no Brasil. A diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, detalha que ela é muito maior que a do restante da população.
Os estados que apresentaram maior aumento no número de mortes violentas de jovens em 2018 foram Roraima, Amapá e Rio de Janeiro. Em Roraima, por exemplo, ocorreram mais de 142 assassinatos para cada 100 mil jovens.
O atlas da Violência revela que a chance de um negro ser morto de forma violenta em nosso país é bem maior que a de um branco ou pardo. Em Alagoas, por exemplo um negro tem 17,2 vezes mais possibilidades de ser vítima de assassinato que não negros. As chances de um negro morrer de forma não natural também são elevadas na Paraíba, Ceará, Espírito Santo e Rio Grande do Norte.
Do universo de mais de 4,5 mil mulheres mortas de forma violenta em 2018, a maioria dos homicídios ocorreram fora da casa da vítima e por arma de fogo. Ceará, São Paulo e Bahia lideraram esse ranking.
O Atlas também revelou que entre os anos de 2008 e 2018, o número de jovens assassinados para cada grupo de 100 mil passou de 53 para mais de 60. O Ministério da Justiça foi procurado pela Rádio Nacional e informou que não opina sobre pesquisas que não são produzidas pela Pasta.