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Mulheres protestam em três estados pela retirada de contraceptivo irreversível da Bayer

Essure
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Graziele Bezerra
05/08/2020 - 21:06
Brasília

Dezenas de mulheres protestaram nesta quarta-feira (5) em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo cobrando assistência médica e a cirurgia para retirada de um contraceptivo irreversível, o Essure. O dispositivo é da farmacêutica Bayer e foi tirado de circulação no Brasil em 2017, pela Anvisa.

 

Mas, antes disso, milhares de mulheres passaram por cirurgia para implantar o contraceptivo. O cálculo é da Associação “Vítimas do Essure” que acompanha o caso dessas mulheres e estima que pelo menos 6.000 pacientes tenham passado pelo procedimento no Brasil.

 

Uma delas foi a promotora de eventos Mônica Estelita, de São Paulo, que tem 42 anos. A cirurgia foi em 2015, no Hospital das Clínicas. Ela já tinha quatro filhos e nenhuma pretensão de voltar a engravidar, mas afirma que pagou caro pela decisão da esterilidade permanente.

 

Sonora: “Primeiro foi hemorragia... o tempo foi passando e eu sentia muitas dores pelo corpo... dor de cabeça, dor na nuca, na pelve”.

 

No Rio de Janeiro, a estimativa é que 3.000 mulheres tenham se submetido ao implante do Essure. Boa parte dos procedimentos teria ocorrido no Hospital Mariska Ribeiro, em Bangu.

 

A carioca Rosa Carolina Germano lidera um grupo das chamadas “vítimas do Essure”. Ela conta que, hoje, depois de muitos efeitos colaterais, as demandas começam a ser atendidas.

 

Sonora: “Hoje já temos 200 vítimas que fizeram a retirada.... tá levando em torno de um mês e meio... quando não tinha essa mobilização a paciente levava até dois anos para conseguir”.

 

Rosa, que conseguiu uma cirurgia de histerectomia no ano passado, agora briga para que outras mulheres tenham acesso ao mesmo atendimento.

 

Sonora: “A nossa luta é que essas mulheres.... quando se tira só as trompas... causando outros danos.”

 

O Essure é um conjunto de duas molas, de aço inoxidável, que medem cerca de 4 centímetros. Elas são introduzidas nas trompas e impedem a passagem do espermatozoide e, consequentemente, a fecundação do óvulo.

 

O Hospital das Clínicas de São Paulo não respondeu ao nosso contato, mas, de acordo com as manifestantes, médicos da instituição se comprometeram a criar um grupo para atender às pacientes do Essure.

 

O Hospital Mariska Ribeiro no Rio e o Ministério da Saúde ainda não responderam à nossa reportagem.

 

* Por meio de nota a Bayer esclareceu que o Essure não é mais comercializado no Brasil desde 2017, por questões comerciais e estratégicas de negócios e que a suspensão não tem qualquer relação com a segurança e eficácia do contraceptivo. A companhia disse também que permanece comprometida com suas obrigações médicas e regulatórias, e está coletando as informações de segurança, qualidade e desempenho, cumprindo a legislação aplicável.      A empresa informou ainda que mantém interlocução com autoridades da saúde sobre o tema com o objetivo de garantir qualquer esclarecimento a respeito do Essure e divulgou um número para atendimento a pacientes:  0800 7021241.

 

** texto alterado para inclusão da nota da empresa Bayer, que comercializa o contraceptivo Essure.

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