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Criador da Mafalda, Quino recebe homenagens póstumas pelo mundo

Cartunista argentino faleceu nesta quarta-feira
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Victor Ribeiro
30/09/2020 - 20:25
Brasília

Na manhã dessa quarta-feira, as discussões acaloradas nas redes sociais deram lugar à ternura e às lembranças sobre uma certa menininha argentina de seis anos de idade: a Mafalda. A comoção, que aumentou ao longo do dia, foi por causa do cartunista Joaquín Salvador Lavado, o mundialmente conhecido Quino.

Ele tinha 88 anos e sofria as consequências de um acidente vascular cerebral recente e o estado de saúde piorou. A morte de Quino foi anunciada pelo editor dele, Daniel Divinsky, no Twitter. Ele escreveu: “Quino morreu. Todas as pessoas boas do país e do mundo ficarão de luto”. E o sentimento de perda foi muito além das fronteiras portenhas.

Grandes cartunistas mundo afora homenagearam Quino. Aqui no Brasil, Laerte Coutinho, Adão Iturrusgarai, André Dahmer e Carlos Latuff foram alguns que postaram homenagens. A Anistia Internacional, a Unesco e a Real Academia Espanhola também manifestaram pesar pela perda do cartunista. Muita gente compartilhou as tirinhas preferidas.

Mafalda foi a personagem mais conhecida de Quino e nasceu na década de 1960, enquanto ele morava em Buenos Aires. Os quadrinhos dela, acompanhada de amigos como Susanita e Manolito, começaram a ser publicados no dia 29 de setembro de 1964. Fizeram 56 anos nessa terça-feira. E, apesar de se manterem tão atuais, tiveram publicação regular até 25 de junho de 1973. Depois, Quino ainda chegou a desenhar Mafalda eventualmente, em ocasiões comemorativas.

Em entrevista à agência pública de notícias Télam, Quino comentou sobre como surgiu a Mafalda: "É uma pessoa que se pergunta sobre o mundo e os males que não se corrigem. Faz as perguntas que eu sigo me fazendo agora, adulto. Falo pouco, por isso escolhi o quadrinho para me expressar.

Os quadrinhos da Mafalda foram traduzidos para 30 idiomas, inclusive a Língua Portuguesa, e os livros com a personagem venderam mais de 20 milhões de exemplares só na Argentina. Quino também publicou uma série de livros, entre eles “Quinoterapia”, “Sí, cariño”, “Qué mala es la gente!” e “Simplemente Quino”.

Em uma entrevista ao jornal argentino Página 12, declarou: "Quando penso que vou abrir o jornal e não terão quadrinhos meus, me dá uma angústia e sigo desenhando. É como se fosse o chefe de uma estação que se aposenta, mas volta todos os dias para ver se os trens saem no horário."

Quino se aposentou dos quadrinhos há cerca de 15 anos, porque as mãos já não tinham tanta firmeza.

Em 2017 ele perdeu Alicia Colombo, a companheira desde 1960. Apesar de tantos personagens nos quadrinhos, o casal não teve filhos no mundo real.

Quino se despediu da vida na província de Mendoza, no oeste da Argentina, mesma região onde nasceu.

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