A terça-feira começou confusa para os passageiros da linha vermelha do metrô que liga a zona leste ao centro da capital paulista. Rafaela Borba, que todo dia demora 30 minutos para percorrer da estação Itaquera até estação República, dessa vez fez o percurso em duas horas.
Segundo o Metrô, foram roubados 30 metros de cabos do sistema que alimenta a energia dos trens. A confusão começou por volta das 5h e também comprometeu a operação na Linha Azul, que corta a cidade de norte a sul.
Os cabos furtados são feitos de cobre, metal de alto valor agregado que alimenta um mercado clandestino. Depois de roubados, os cabos vão para ferros velhos que revendem o metal para receptadores que depois vão parar em siderúrgicas. O metal é fundido em lingotes e volta para o mercado formal para ser transformarem mais um vez em cabos para serem usados na rede elétrica, transporte público e telefonia.
O Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel, Celular e Pessoal, a Conexis, calcula que em 2020, só no setor de telefonia, foram roubados mais de R$ 4,6 milhões de metros de cabos de cobre. Só para comparar, em linha reta, a distância entre o Oiapoque, no Amapá, e o Chuí, no Rio Grande do Sul, é menor: 4 milhões e 175 mil metros.
E o crime tem ficado mais frequente. Em 2020, os roubos de cabos cresceram 16% comparado com 2019. No primeiro semestre desse ano, cresceram mais 12% comparado com o mesmo período do ano passado.
Para Marcos Ferrari, presidente-executivo da Conexis, a crise econômica pode estar ajudando a turbinar o problema.
Só no setor de telecomunicações, R$ 6,6 milhões de pessoas foram afetadas diretamente pelos furtos de cabos no ano passado.
No metrô de São Paulo, a situação foi normalizada pouco antes das 10h. A empresa não calculou o número de pessoas afetadas. Todos os dias mais de 5 milhões de pessoas usam o metrô.