Testemunhas ouvidas pela justiça afirmaram que um dos mortos durante a operação policial do Jacarezinho, em maio do ano passado, foi executado por um policial civil. A primeira audiência do caso foi realizada nesta quarta-feira. Quatro testemunhas de acusação foram ouvidas pelo juiz Daniel Cotta, da 2ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio. A operação é considerada a mais letal da história do Estado do Rio de Janeiro e deixou 28 mortos, entre eles um policial civil, baleado na cabeça.
Dois agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil, a Core, se tornaram réus, um pela morte de Omar Pereira da Silva, outro por fraude, por ter removido o cadáver antes da perícia.
A primeira testemunha contou que estava em uma residência da comunidade, quando a operação começou e logo em seguida, Omar entrou na casa, ferido por um tiro no pé, buscando abrigo. De acordo com ela, um tempo depois, o policial acusado da execução, também entrou no local em busca do suspeito de integrar uma organização criminosa, e, ao encontrá-lo, disparou o tiro fatal.
Após o primeiro depoimento, dezenas de policiais fardados, a maioria da Core, se instalaram no plenário para assistir a audiência. Isso motivou um pedido da Defensoria Público para que os depoimentos fossem tomados a portas fechadas. O juiz negou, mas determinou que as outras testemunhas falassem com os rostos cobertos, sem serem identificadas e sem a presença dos réus. Todas confirmaram o relato do primeiro depoente.
Ao final da audiência, o Ministério Público desistiu de ouvir outras três testemunhas de acusação que haviam sido arroladas no processo. O juízo da 2ª Vara Criminal da Capital, agora, irá definir nova data para a continuação da audiência, quando serão ouvidas as testemunhas de defesa e deverá ser realizado o interrogatório dos réus.