Projeto em SP prepara cidades para prevenir desastres climáticos

Os deslizamentos e soterramentos marcam a história de Santos, no litoral paulista. O maior foi em 1928, quando o morro do Monte Serrat, no centro da cidade, veio abaixo e matou 81 pessoas. Quase 100 anos depois, pelo menos 4 mil famílias seguem vivendo em áreas de risco alto ou muito alto em toda a cidade.
Depois de novos desastres, algumas pessoas saíram desses lugares, como as 470 famílias afetadas pelos deslizamentos de 2020 que tiveram que deixar suas casas e ainda hoje vivem com auxílio aluguel pago pela prefeitura.
O projeto piloto dos Municípios Paulistas Resilientes tenta inverter essa lógica.
Ainda em 2020, 14 famílias que moravam em áreas de alto risco no Monte Serrat concordaram em ser transferidas para apartamentos de um conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida. As casas foram demolidas e as áreas de encosta estão sendo recuperadas com a ajuda da comunidade, como explicou Armin Deitenbach, da G.I.Z, a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável.
No dicionário, resiliência significa capacidade rápida de adaptação ou recuperação. No projeto, o pacote da resiliência inclui ainda a criação de bancos de dados que ajudem a fazer o mapeamento geológico, o histórico de deslizamentos, inundações, médias climáticas e elevação do nível do mar, além de um Plano de Ação Climática, com propostas que vão desde a defesa civil até setores econômicos.
Além de Santos, 7 cidades da baixada santista e outros 13 municípios paulistas participam do projeto.
Para a urbanista Marcia Nascimento, da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, em tempos de mudanças climáticas e catástrofes naturais cada vez mais intensas, o trabalho integrado é obrigatório.
A Região Metropolitana de Recife é retrato dessa urgência. Para Sérgio Xavier, articulador da ONG Centro Brasil no Clima, o maior desafio é justamente deixar de enxergar o problema só quando ele já virou tragédia.
Antes de Recife, os grandes temporais já tinham deixado marcas na Bahia, em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul e em São Paulo.
Segundo o Serviço Geológico do Brasil, quase 4 milhões de pessoas vivem em áreas de risco de deslizamento, enxurradas ou alagamentos em todo o país. O número não leva em conta as pessoas que vivem em áreas sujeitas a grandes estiagens – o outro lado da moeda das emergências climáticas.




