A proximidade do verão gera uma preocupação ainda maior entre os passageiros de ônibus na cidade do Rio de Janeiro: a falta de ar-condicionado. E os números comprovam o problema. De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes, de janeiro até agora foram aplicadas 770 multas por falta do aparelho nos ônibus, e desde a criação do canal exclusivo sobre ar-condicionado desligado na Central 1746, no início de novembro, foram registrados 5.241 chamados sobre ônibus sem ar. As linhas mais denunciadas são 232, 249, 363, 422, 606, 247, 457, 324, 321 e 908.
Para ir ao trabalho, a jornalista Roseane Meyer usa todos os dias as linhas 247, 249 e 457. Ela conta que a falta do ar-condicionado tem sido um transtorno, tanto para os motoristas quanto para os passageiros. Para Roseane, a situação representa um descaso: “Eles vão e voltam com a medida de obrigação pro uso do ar-condicionado nos ônibus e tiram, acabam voltando atrás, e isso atrapalha muito, é um descaso mesmo com a vida da população”.
O promotor de Justiça Rodrigo Terra explica que o Ministério Público tem atuado nesta questão dos ônibus no Rio de Janeiro desde 2003. E reforça: o assunto é considerado gravíssimo: “Esse problema da falta de ar-condicionado é gravíssima no Rio de Janeiro porque agora mesmo estamos entrando nesta temperatura de 40 graus por causa do verão, e isso vai até abril, maio do ano que vem, quer dizer, exigir que as pessoas sejam transportadas sem ar-condicionado viola o direito delas à prestação do serviço adequadamente porque o conforto é um dos critérios de aferição desta adequação”.
Rodrigo também destaca que a frota já deveria estar 100% climatizada e que, além deste problema, outras reclamações dos passageiros em relação aos ônibus são frequentes: “A forma de prestação do serviço também é muito reclamada, tanto em relação ao sucateamento da frota, como em relação ao encurtamento de trajetos, a supressão de linhas, e aí sucateamento da frota você vai pegar desde pneu furado até barra de direção quebrada, passando por infestação de baratas, a questão da regularidade também, quer dizer, eles acabavam operando com um percentual inferior a 80%”.
Em nota, a Secretaria Municipal de Transportes informa que tem intensificado a fiscalização. E a Rio Ônibus explica que a climatização está sendo tratada pelos consórcios com a secretaria.