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Metroviários de Belo Horizonte decidem se mantém ou interrompem greve

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Desirée Miranda - Repórter da Rádio Inconfidência
16/02/2023 - 09:30
Belo Horizonte

Os metroviários de Belo Horizonte decidem, na manhã desta quinta-feira (16), se prolongam ou interrompem a greve deflagrada nesta terça (14). Representantes do Sindicato da categoria participaram nesta quarta (15) da segunda audiência de conciliação com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU-MG) no Tribunal Regional do Trabalho.

Os servidores, que são concursados, querem a garantia de que não vão perder o emprego após os 12 meses de estabilidade definidos depois da privatização do Metrô BH, que foi concedido em leilão em dezembro do ano passado.

O contrato de concessão com o Grupo Comporte, vencedor da disputa, deve ser assinado no dia 10 de março. Por isso, os trabalhadores pressionam para que a destinação que será dada a eles seja definida antes disso, conforme explicou a presidente do Sindicato dos Metroviários, Alda Lúcia Fernandes.

“A discussão que nós estamos fazendo aqui não é sobre a privatização, nem é sobre o leilão, nem o que aconteceu. É a nossa situação, em torno de 1.600 empregados. Esses 1.600 empregados estão desesperados e estão sem saber de fato o que vai acontecer. E é essa resposta que a gente quer com essa greve. Nós sabemos o quanto a greve é prejudicial, o quanto ela é ruim. Mas tentamos ‘n’ coisas. Cite uma coisa e o Sindicato dos Metroviários tentou. Nós procuramos respostas no governo, na Justiça, e em tudo. E todas as portas estavam fechadas para a categoria metroferroviária”.

Por outro lado, a CBTU alega que essa discussão não cabe à empresa, e sim ao governo federal, que somente neste ano abriu mesa de negociação com os servidores - mas que ainda não deu nenhuma resposta definitiva. A advogada da empresa, Ana Carolina Abdala, diz que a CBTU não é contra a greve, mas que esse não é o meio de resolver a questão dos empregos:

“O objeto da greve extrapola essa jurisdição. Essa negociação não é com a CBTU. Essa negociação deve ser feita com o governo. E ressaltar, mais uma vez, a ingerência da CBTU com relação às questões que eles estão reivindicando”.

Depois de quase três horas de discussão, o procurador-geral do Trabalho, Helder Amorim, sugeriu a criação de um grupo especial de atuação finalística no âmbito do Ministério Público do Trabalho para instituir uma instância de diálogo com a CBTU e todos os órgãos e entidades com competência decisória sobre as relações de trabalho dos empregados da empresa.

O advogado do Sindicato dos Metroviários, Mário Luiz Casaverde Sampaio, disse que vai levar a proposta para a categoria, que vai decidir em assembleia se aceita ou não.

O desembargador César Pereira da Silva Machado Júnior, então, determinou, por meio de liminar, que se a greve persistir, devem permanecer em funcionamento 70% dos trens, observada a totalidade das viagens - e não só os horários de pico - e funcionamento de 100% da segurança. Caso contrário, a multa fixada de R$ 150 mil para os dias 17 a 22 de fevereiro, período do carnaval, e de R$ 100 mil nos demais dias.

Ele pediu que o sindicato considere a necessidade de transporte nos dias de festa e reconheça os avanços da negociação.

“Nós estamos agora com essa possibilidade da Procuradoria-Geral do Trabalho encabeçar essa solução. Eu penso que é preciso que o sindicato valorize essa tentativas. Estamos fazendo o máximo possível, e espero, então, que isso seja refletido pelo menos com a volta nesses dias de carnaval. Vamos dar tempo ao tempo. A pressão feita já surtiu efeito - e parece que o efeito desejado. É hora agora de recolhermos um pouco e refletir sobre esses destinos - das reuniões, dessas tratativas que serão realizados”.

No início da manhã desta quinta (16), os trens continuam parados.

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