Cinquenta e seis trabalhadores em condições semelhantes à escravidão foram resgatados, nessa sexta-feira (10), em duas fazendas de arroz no município gaúcho de Uruguaiana, na fronteira com a Argentina. Dez deles são adolescentes com idades entre 14 e 17 anos. Os trabalhadores eram da própria região, das cidades de Itaqui, São Borja, Alegrete e Uruguaiana.
As vítimas relataram que recebiam R$ 100 por dia, mas a comida e as ferramentas de trabalho eram por conta deles. Os trabalhadores faziam o corte manual do arroz vermelho e a aplicação de agrotóxicos sem equipamentos de proteção. Um dos menores sofreu acidente com um facão e ficou sem movimentos de dois dedos do pé. Além disso, o grupo andava quase uma hora sob o sol até chegar às fazendas. A comida estragava nessas condições e os trabalhadores podiam ficar o dia inteiro sem comer. Se algum deles ficasse doente, o dinheiro seria descontado.
A operação conjunta de resgate, que envolveu Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público do Trabalho e Polícia Federal, foi realizada após denúncia sobre a presença de jovens em trabalho irregular e sem carteira assinada.
Os trabalhadores resgatados foram encaminhados para suas casas e devem receber três parcelas de seguro-desemprego. O agenciador de mão-de-obra, que atuava na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, foi preso em flagrante. Já os empregadores vão ser notificados para assinar a carteira de trabalho e pagar as verbas rescisórias.
