No dia em que uma operação da Polícia Federal mirou no ex-presidente Jair Bolsonaro e em uma possível fraude no cartão de vacinação, o ministro da Justiça Flávio Dino, falou: conspirar contra a saúde pública é corrupção gravíssima. A fala veio durante uma audiência pública na Câmara e em resposta aos questionamentos do deputado Deltan Dallangnol.
Dallagnol questionou a proporção e a gravidade dos fatos, em uma comparação entre investigação sobre corrupção de bilhões de reais e sobre, segundo ele, falsificação de carteira de vacinação. Ao que Dino respondeu:
"Então, uma questão sanitária grave. A vida é muito grave. O senhor tem essa pauta da corrupção, enfim, e eu considero que o senhor deveria pensar em outras corrupções. Conspirar contra a saúde pública é uma corrupção gravíssima".
A ida de Dino à Câmara ocorreu horas depois da Casa ter adiado a votação do projeto das fake news. O ministro reafirmou a necessidade de uma lei sobre comunicação digital, defendeu a regulação das redes e chamou de censura ao Parlamento a atuação do Google às vésperas da votação do PL 2630.
"O faroeste digital mata. Fake news mata. E por isso mesmo, é necessário que haja uma regulação sobre isso. E quem defende a regulação é, na verdade, quem defende a liberdade de expressão. O que nós vimos, infelizmente, foram empresas, plataformas querendo fazer censura contra o Parlamento. Censurando o processo legislativo, em uma violência raras vezes vista no Brasil".
E, durante a audiência, Dino aproveitou para fazer um anúncio: ainda nesta quarta-feira (3), serão enviados mais policiais para a Terra Indígena Yanomami, em um reforço policial após os mais recentes ataques aos indígenas por parte de garimpeiros.
"Ontem, nós tivemos mais um confronto e nós precisamos ter atenção dessa Casa, de todas as instituições, para que haja paz. Nós temos ordens judiciais que estão sendo cumpridas, e vamos continuar a cumprir. Aproveito a pergunta de Vossa Excelência para dizer que o secretário Tadeu Alencar, que está presente aqui, hoje vai enviar mais policiais para Roraima para garantir que a operação lá possa ser concluída como nós desejamos - com a preservação das vidas das pessoas".
Só lembrando que essa foi a terceira vez que Dino compareceu à Câmara este ano. As outras duas foram em março na Comissão de Constituição e Justiça e em abril na de Segurança Pública.
Detalhe: a comissão ainda tem mais dois requerimentos aguardando votação para novas convocações dele. Um deles para prestar esclarecimentos sobre as práticas abusivas das big techs, na esteira do Projeto de Lei das Fake News.