Após a assinatura no último dia 10, no Rio de Janeiro, da portaria que vai garantir da migração dos voos do Santos Dumont, da área central da cidade, para o Aeroporto Internacional do Galeão, o Tom Jobim, na Ilha do Governador, a partir de janeiro de 2024, números da Anac mostram uma grande desigualdade entre os voos nos dois aeroportos.
O Aeroporto Internacional do Rio Janeiro, o Galeão, respondeu, nos sete primeiros meses deste ano, por apenas 994 mil embarques domésticos do Rio de Janeiro, o que equivale a 22,4% dos embarques. Ou seja, cerca de um em cada cinco passageiros que saem do Rio com destino a outras cidades brasileiras usaram o aeroporto.
O número é mais de 3 vezes inferior que o de embarques domésticos no Santos Dumont, localizado no centro da cidade, que movimentou 3,40esto milhões de passageiros, todos em viagens domésticas, já que o aeroporto não opera voos internacionais. O resultado equivale a 77,5% do total.
Mesmo incluindo seus 965 mil embarques internacionais, o Galeão não consegue superar o Santos Dumont. Uma explicação para essa disparidade é a pandemia. De acordo com Rafael Castro, especialista em aeroportos e professor do curso de graduação em Turismo do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro, Cefet-RJ, a pandemia é um agravamento de uma situação que já vem ocorrendo há 10 anos, por diferentes motivos.
A partir de 2020, com a pandemia de covid-19, o aeroporto internacional começou a ser superado pelo Santos Dumont, respondendo por menos da metade dos passageiros domésticos: 40,4% em 2020, 33,1% em 2021 e 25,2% em 2022.
Rafael Castro justifica porque esta situação continua mesmo com o fim da pandemia.
Por meio de nota, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas, Abear, destacou que a legislação vigente prevê liberdade de rotas e isonomia entre as empresas aéreas. Também informou que suas empresas associadas cumprem o limite estabelecido para a capacidade do Aeroporto Santos Dumont.
Além das grandes disparidades entre os aeroportos, os números da Anac também mostram que houve uma redução significativa na movimentação de passageiros na cidade do Rio de Janeiro entre os anos de 2014 e 2022, também parcialmente explicada pela pandemia de covid-19. Segundo os dados, em 2014 foram 13,3 milhões embarques no Rio, incluindo Galeão e Santos Dumont. Já em 2022, os embarques não somaram 7,1 milhões, ou seja, 41% a menos que em 2014.
Também chama a atenção a situação do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro em relação aos demais estados. Há 12 anos, ele era responsável por movimentar 8,5 milhões de passageiros. Já em 2022, foram menos de 3 milhões em embarques domésticos e internacionais. Com isso, o aeroporto, que era o segundo terminal aeroportuário mais movimentado do país, caiu para a 10ª colocação.