O general Gonçalves Dias, que comandava o Gabinete de Segurança Institucional no dia dos ato golpistas, foi avisado verbalmente pela Abin dos riscos de invasão e depredação pouco mais de uma hora antes dos ataques. A informação é do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência, Saulo Moura da Cunha. Ele prestou depoimento à CPI Mista do 8 de janeiro e afirmou que desde cedo estava em contato com Gonçalves Dias.
O ex-diretor foi questionado, também, sobre os dias que antecederam os atos golpistas. E disse o seguinte: que entre os dias 2 e 8 de janeiro, a Abin produziu 33 alertas de inteligência, que foram encaminhados à Secretaria de Segurança Pública aqui do DF e outros órgãos.
Ao ser questionado pela relatora, a senadora Eliziane Gama, o ex-diretor da Abin fez uma linha do tempo. Disse que os alertas, encaminhados para um grupo de whastapp do qual faziam parte mais de 48 órgãos de segurança e inteligência tanto do governo do DF quanto do governo federal, mostraram que ainda no dia 4, o ato marcado para aquele domingo teria baixa adesão, mas que no dia 7, ou seja, um dia antes, a adesão estava aumentando.
Ele ainda destacou que cumpriu o seu dever, que os relatórios eram técnicos e que se sentia aliviado por poder falar do papel institucional da Abin. Saulo esteve na CPI Mista e o depoimento foi aberto, contrariando pedido que havia feito ao Supremo para falar à portas fechadas por causa de possíveis informações sigilosas. Apesar do habeas corpus deixou claro que prestaria os esclarecimentos “na medida do possível”.