O Ministério Público Federal abriu um inquérito civil público para investigar o envolvimento do Banco do Brasil na escravidão e no tráfico de pessoas negras, escravizadas durante o século 19.
A ação é inédita no país e foi gerada a partir de um documento elaborado por historiadores de universidades brasileiras e de outros países, que fala sobre a relação do Banco do Brasil com a economia escravista e seus negociantes.
O documento aponta, por exemplo, que entre os fundadores e acionistas da instituição, fundada em outubro de 1.808, estavam alguns dos mais notórios traficantes de escravizados da época, entre eles, José Bernardino de Sá, tido como o maior contrabandista de africanos do período.
O procurador regional dos direitos do cidadão, do MPF, Júlio José Araújo, que, junto com outros dois procuradores assina o despacho, explicou que, além do Banco do Brasil, vai ouvir também a sociedade civil, para, então, chegar a uma resolução sobre a forma de reparação dessa que foi uma das maiores atrocidades da história da humanidade.
Ainda segundo o procurador Júlio Araújo, o inquérito tem prazo de um ano para conclusão, podendo ser prorrogado por mais um ano.
Ele adiantou que está agendada, para o dia 27 de outubro, uma reunião, no Rio de Janeiro, com a direção do Banco do Brasil, historiadores que propuseram a ação e representantes da sociedade civil. Em pauta, o debate sobre medidas de reparação histórica.
O Banco do Brasil informou, em nota, que já foi notificado sobre a ação do Ministério Público Federal, e que o departamento jurídico da instituição vai analisar o documento e prestar as informações necessárias dentro do prazo previsto, que termina no dia 17 de outubro.