Bolsonaro teria aprovado minuta golpista, aponta operação da PF
O ex-presidente Jair Bolsonaro teria aprovado a minuta de um decreto golpista antes de apresentar a comandantes das Forças Armadas. O documento teria sido escrito pelo ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins.
A informação está na decisão do ministro Alexandre de Morares, do Supremo Tribunal Federal, que autorizou a operação desta quinta-feira.
De acordo com o conteúdo da decisão, Filipe Martins redigiu a minuta de decreto que pedia a prisão de diversas autoridades, como os ministros do STF, Alexandre De Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
A investigação da Polícia Federal aponta que Bolsonaro pediu para retirar os nomes de Gilmar Mendes e Pacheco e manter a ordem de detenção de Alexandre de Moraes. O texto depois foi usado para pressionar comandantes das Forças Armadas a aderirem à tentativa de golpe.
Em nota, Rodrigo Pacheco afirmou que foi uma “ação insensata encabeçada por uma minoria irresponsável, que previa impor um Estado de exceção e prisão de autoridades democraticamente constituídas”. Acrescenta ainda que “agora, cabe à Justiça o aprofundamento das investigações para a completa elucidação desses graves fatos."
A defesa de Filipe Martins afirmou que não teve acesso à decisão e que já solicitou o acesso integral dos autos para se manifestar. A defesa de Jair Bolsonaro não se manifestou até o fechamento dessa reportagem.
Os pedidos de prisão e busca feitos pela Polícia Federal foram fundamentadas em informações da colaboração premiada do coronel Mauro Cid, ex assessor direto de Bolsonaro. A decisão traz também imagens de várias conversas entre Cid e outros investigados.
Além do decreto de golpe, os investigadores identificaram tratativas com militares de alta patente para aderirem ao golpe; e monitoramento de autoridades, inclusive do próprio Alexandre de Moraes, para o cumprimento de prisões, caso o golpe fosse realizado.