Durante os quase sete anos de operação Lava Jato, os noticiários veicularam informações vazadas, documentos sigilosos e delações premiadas, que eram tratadas como provas de crimes. Para especialistas, a imprensa se omitiu ao não jogar um olhar crítico sobre os fatos.
Na avaliação de Ana Mielke, coordenadora executiva do Intervozes - coletivo de Comunicação Social – a imprensa agiu como porta-voz da Operação Lava Jato, de forma tendenciosa.
Segundo o professor de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, Rogério Christofoletti, a imprensa brasileira tratou a Lava Jato como um espetáculo, e sem olhar crítico. Para ele, o noticiário acabou interferindo na condução das investigações e nos resultados.
Também na avaliação do professor de Criminologia e Direito Penal da Universidade de São Paulo, Maurício Dieter, a cobertura midiática interferiu na operação. Segundo ele, “não haveria Lava Jato sem a colaboração da imprensa”.
Na avaliação atual do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, o saldo da operação foi “negativo”. Ele acredita que as instituições “falharam muito” e que o apoio midiático sobre os casos acabou inibindo até mesmo ações da suprema corte.
No próximo episódio, você vai saber mais sobre a Vaza Jato, uma série de reportagens que trouxe conversas vazadas que colocaram em cheque os métodos da Lava Jato.
A Rádio Nacional apresenta um especial com cinco reportagens sobre a Lava Jato. As matérias serão publicadas de 18 a 22 de março. Essa é a segunda da série. Confira a relação completa abaixo:
- Lava Jato: maior operação da PF completa 10 anos
- Especialistas dizem que cobertura jornalística interferiu na Lava Jato
- Lava Jato: publicação de conversas vazadas abalaram a opinião pública
- Lava Jato: investigações causaram impactos negativos na economia
Ficha técnica:
Reportagem: Sayonara Moreno
Sonoplastia: Jailton Sodré
Edição: Daniel Ito
Publicação na Radioagência Nacional: Marizete Cardoso