A Operação Lava Jato foi a mais longa da história da Polícia Federal. Durante sete anos, agentes federais foram às ruas em 79 fases da operação que desarticulou um esquema de corrupção envolvendo diretores da Petrobras, políticos, e executivos de grandes empresas.
As investigações da PF apontaram que diretores da petrolífera direcionavam licitações para que algumas empresas garantissem os contratos milionários. Em troca, os executivos dessas empresas pagavam propina.
No Ministério Público Federal, a maioria das denúncias estavam a cargo da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba — coordenada pelo então Procurador da República, Deltan Dallagnol. Ele relata que as investigações identificaram “quatro organizações criminosas, chefiadas por doleiros” que praticavam crimes de lavagem de dinheiro.
Na justiça, os julgamentos, em primeira instância, foram conduzidos por Sérgio Moro, então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba. Já as questões da Lava Jato que chegavam ao Supremo Tribunal Federal estavam sob a relatoria do ministro Teori Zavaski, que morreu em um acidente aéreo, em 2017. A partir daí, a função passou a ser do ministro Edson Facchin.
Apesar do esquema criminoso que foi desarticulado, a condução das denúncias e dos julgamentos passou a ser criticada por juristas. Para o professor de Criminologia e Direito Penal da Universidade de São Paulo, Maurício Dieter, os trabalhos da força-tarefa não seguiram o que dizem os manuais.
Três anos após o fim da Lava Jato, o ministro do STF, Gilmar Mendes, faz um “balanço negativo” da operação. Segundo ele, os integrantes da força-tarefa tinham interesses políticos — e, até mesmo, financeiros — na condução dos trabalhos.
O ex-procurador Deltan Dallagnol afirma que as críticas à força-tarefa são “ingenuidade” de “pessoas que não sabem como funciona a justiça” e o processo penal.
Procurado pela nossa reportagem, o ex-juiz e atual Senador Sérgio Moro não quis se manifestar sobre o assunto. Ao fim da operação, em janeiro de 2021, o Ministério Público Federal argumentou que os resultados da Lava Jato demonstraram a “seriedade e eficiência da operação, que passou a cooperar com investigações no mundo todo”.
No próximo episódio, você vai saber mais sobre a influência da imprensa na opinião pública e no andamento da própria operação Lava Jato.
A Rádio Nacional apresenta um especial com cinco reportagens sobre a Lava Jato. As matérias serão publicadas de 18 a 22 de março. Essa é a primeira da série. Confira a relação completa abaixo:
- Lava Jato: maior operação da PF completa 10 anos
- Especialistas dizem que cobertura jornalística interferiu na Lava Jato
- Lava Jato: publicação de conversas vazadas abalaram a opinião pública
- Lava Jato: investigações causaram impactos negativos na economia
Ficha técnica:
Reportagem: Sayonara Moreno
Sonoplastia: Jailton Sodré
Edição: Daniel Ito
Publicação na Radioagência Nacional: Marizete Cardoso